A Coordenação Geral do Prêmio Adelmo Genro Filho de Pesquisa em Jornalismo (PAGF 2023) e a Diretoria Executiva da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) anunciaram, na última sexta-feira (15), dois trabalhos de pesquisadoras do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line (GJOL) entre os premiados desta edição. A tese de Luciellen Lima e a dissertação de Ana Virgínia Torga ficaram, respectivamente, com o prêmio da categoria doutorado e a menção honrosa na categoria mestrado.

O trabalho da pesquisadora Luciellen Lima, que já havia ganhado destaque no Intercom, onde alcançou o segundo lugar na categoria doutorado, foi anunciado como vencedor da 18ª edição do Prêmio Adelmo Genro Filho, na mesma categoria. A tese “A experiência do usuário com conteúdos de jornalismo audiovisual em 360° e a centralidade da sensação de presença” trata de um tema em ascensão no jornalismo digital e foi orientada pela professora Suzana Barbosa.

A dissertação intitulada “A devastação da Amazônia brasileira e a criação das agendas cívicas: um comparativo das coberturas jornalísticas digitais na Folha de S.Paulo, no The New York Times e no The Guardian”, da pesquisadora Ana Virgínia Torga, recebe a menção honrosa na categoria mestrado. O trabalho, orientado pelo professor Marcos Palacios, tem como principal objetivo investigar, numa perspectiva comparativa, as narrativas jornalísticas digitais nos três meios pesquisados sobre os incêndios e desmatamentos na floresta amazônica brasileira.

Confira abaixo os depoimentos das pesquisadoras premiadas e seus respectivos orientadores:

Luciellen Lima

É com muita alegria e certa surpresa que recebo a notícia dessa premiação, afinal concorremos com teses de todo o Brasil, sabendo da qualidade dos outros trabalhos, vindos de ótimos programas de pós-graduação e desenvolvidos por pesquisadores qualificados. Alguns deles, inclusive, eu cito na minha tese. Então, para mim fica a certeza de que conseguimos construir um caminho de pesquisa exitoso, mesmo diante de tantas dúvidas ao longo do processo. Nos mostra que fizemos as escolhas certas nessa trajetória, contribuindo efetivamente com o campo do jornalismo. Além disso, preciso ressaltar o quanto o Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line, o GJOL, do qual eu faço parte, foi importante para o resultado exitoso da minha pesquisa, pois a orientação da professora Suzana Barbosa, que é coordenadora do grupo, os estudos construídos coletivamente, os textos discutidos, as reflexões e as contribuições dos colegas me deram a base para direcionar os rumos da minha tese. Considero essa premiação uma conquista coletiva, que nos dá o incentivo para continuar pesquisando e buscando nos consolidar na carreira acadêmica. Agradeço à SBPJor, à organização do Prêmio Adelmo Genro Filho e aos membros das bancas examinadoras pelo esforço para buscar incentivar os pesquisadores através de uma premiação considerada referência no âmbito do jornalismo.

Ana Virgínia Torga

O prêmio é uma satisfação pelo trabalho realizado e pelo reconhecimento dos pares. Penso que a premiação é uma ótima oportunidade para dar visibilidade, no meu caso, a um tema de muita importância em nosso país: os incêndios e os desmatamentos na Amazônia brasileira. Minha pesquisa revelou na polifonia midiática o silenciamento das vozes dos povos e das comunidades tradicionais amazônicas, como dos agricultores familiares, dos pescadores artesanais, dos mateiros, dos povos ribeirinhos, dos operários, dos trabalhadores em geral e das donas de casa. Acredito que só por meio da mobilização social e das políticas públicas poderemos alterar o curso das mudanças climáticas, que tem acarretado desequilíbrios como a perda da biodiversidade, o impacto na saúde, na segurança alimentar e na subsistência humana, por exemplo.

Suzana Barbosa

O reconhecimento do trabalho realizado por Luciellen no seu doutorado nos enche de orgulho. Nós, do GJOL, e mesmo no PósCom, já sabíamos a pesquisadora qualificada que é Luciellen. Ela realizou um excelente trabalho de doutorado, uma tese que foi muito bem avaliada por quem esteve na sua banca em dezembro de 2022. Eu, tendo sido a orientadora, parceira nessa etapa de pesquisa, fico ainda mais orgulhosa e feliz por essa premiação que chega ao GJOL no momento que é também emblemático porque faz-se 20 anos do primeiro congresso da SBPJor, quando foi criada em 2003, em Brasília, e esse ano volta a Brasília. Eu estive naquele primeiro congresso apresentando o trabalho que era o resultado da minha dissertação. Nesse ano, coroa um trabalho, que é do próprio grupo de pesquisa, com a menção honrosa que foi obtida pela Ana Virgínia Torga, com a sua dissertação orientada pelo professor Marcos Palacios, que também tem outro lado emblemático, porque foi o último trabalho de Marcos como professor permanente, orientador e coordenador do GJOL no PósCom, já que ele se aposentou totalmente. É um conjunto que marca ainda mais esse momento de reconhecimento. Marcos foi um dos fundadores da SBPJor e já foi agraciado como pesquisador sênior em outro ano. Para mim, que também recebi o prêmio Adelmo Genro Filho de tese de doutorado (2008), é um momento de festa para nós e de motivação ainda maior para continuar com a pesquisa em jornalismo. Que possamos ampliar efetivamente a nossa capacidade de geração de conhecimento novo, original, de realização de pesquisas de ponta, como sempre foi uma marca do GJOL. Lembro ainda do trabalho e dedicação de Ana Virgínia, que foi para o GJOL sem estar aluna regular, submeteu seu projeto à seleção de mestrado, sempre muito atuante no grupo, uma demonstração de perseverança, de tenacidade e que faz parte do nosso dia a dia, o comprometimento de todos nós e todas nós.

Marcos Palacios

Como um dos premiados, fico pouco à vontade para comentar, para não soar autocongratulatório, mas é justo que sejam ressaltados dois elementos essenciais em torno da premiação. Em primeiro lugar, é claro, há que se destacar e louvar o perfil das agraciadas, ambas pesquisadoras com grande dedicação a seus trabalhos, abertas à crítica e ao diálogo construtivo na elaboração de seus caminhos de investigação e produção textual. Por outro lado, premiações como esta, que não são as primeiras e nem serão as derradeiras, atestam e uma vez mais consolidam a metodologia de trabalho do GJOL, que vem sendo aperfeiçoada ao longo do tempo, desde a criação do Grupo. Em sua essência essa abordagem caracteriza-se pela colaboração interpares e aprendizagem coletiva, troca continuada de informações bibliográficas e insights. Trata-se de uma abordagem que entende a produção científica/acadêmica como interlocução e busca tal interlocução tanto no universo maior do estado da arte das temáticas das pesquisas individuais em andamento, quanto em nível micro, no âmbito do próprio GJOL, nos vários estágios de desenvolvimento de cada um dos projetos. Nesse sentido, cada premiação individual é também um reconhecimento do esforço coletivo e cotidiano empreendido por todos no Grupo e por todos assim entendido.