A pesquisadora Dr.a Luciellen Souza Lima ganha prêmio no Intercom 2023

Desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da FACOM, a tese “A experiência do usuário com conteúdos de jornalismo audiovisual em 360º e a centralidade da sensação de presença”, da pesquisadora Luciellen Souza Lima, foi premiada nos Prêmios Estudantis Intercom de 2023. O trabalho foi orientado pela docente Suzana Barbosa e alcançou o segundo lugar na categoria doutorado, com uma investigação sobre a experiência do usuário com conteúdos jornalísticos audiovisuais imersivos.

A tese de Luciellen Lima concorreu com outros 15 trabalhos de todo o país, indicados pelos respectivos programas de pós-graduação como representantes da qualidade de suas pesquisas. A orientadora do trabalho afirma que a premiação é uma grande conquista. “Ela premia o talento de uma pesquisadora altamente qualificada, dedicada e persistente”, afirma Suzana. “Já a pesquisa agrega conhecimento novo sobre o consumo informativo de conteúdos jornalísticos e ao estado da arte sobre o jornalismo audiovisual em 360º”, completa.

Jornalismo e realidade virtual

O que o jornalismo ganha com a realidade virtual? Essa é uma das questões que Luciellen Lima tentou elucidar ao longo da pesquisa. O questionamento partiu de um cenário em que o uso de vídeos 360º para fins jornalísticos predomina sobre outras formas de uso da realidade virtual no jornalismo. Ao mesmo tempo, constatou Luciellen, os estudos já realizados sobre o tema focam no conceito e não no usuário, uma oportunidade de investigar a questão da recepção, o caminho escolhido pela pesquisadora.

Dentre os objetivos da tese, de acordo com Luciellen Lima, estava entender quais implicações a sensação de presença traz à experiência do usuário no consumo de Jornalismo. O termo refere-se ao processo psicológico que simula a sensação de estar presente em um ambiente virtual. A tese constatou que essa sensação influencia na compreensão do conteúdo, na sua credibilidade e na percepção crítica da ética.

“Essa sensação atua tanto de forma positiva quanto negativa”, afirma Luciellen. “Ao mesmo tempo que colabora com uma melhor compreensão da situação, sentimentos e sensações envolvidos, pode, por exemplo, não contribuir para o entendimento de informações mais objetivas, como os dados, por exemplo”. Luciellen também destaca que a pesquisa aponta para uma diminuição da capacidade de refletir criticamente sobre o conteúdo. “O usuário se entrega às sensações, mas pode não questionar a credibilidade e ética envolvidas”, ressalta.

Desafios e trabalho coletivo

O processo de pesquisa de Luciellen iniciou em 2018 e teve como pano de fundo, durante o período de escrita, a pandemia de Covid-19. O contexto, para a pesquisadora, representou um ato de “sobrevivência e resistência”. “Pela forma como a pandemia foi encarada, ser pesquisadora, estar pesquisando e fazendo ciência neste momento, além de um ato literal de sobrevivência era um ato de resistência a todo um contexto político hostil. Vimos a quantidade de verba retirada, a desvalorização, o ataque à ciência. Nós que continuamos pesquisando, colocando nossas pesquisas para a frente, resistimos”, afirma.

Para Luciellen, a conquista da premiação foi coletiva. “Mesmo que eu tenha sido a principal desenvolvedora da tese, essa é uma conquista coletiva, resultado de várias mãos. Eu discuti muito a pesquisa no Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online e a professora Suzana Barbosa, muito além de uma orientadora, foi uma grande parceira”, reconhece.

Luciellen lembra ainda, da importância que o reconhecimento tem para a sua trajetória de pesquisadora. “Receber esse prêmio significa muito, pois ao longo da pesquisa surgem muitas dúvidas, questionamentos, incertezas. Por mais que você se dedique, a insegurança fica. Quando vem um reconhecimento desse, de uma premiação como essa, a gente percebe que fez decisões acertadas e que nosso trabalho tem relevância”, completa Luciellen.

Acesse a tese “A experiência do usuário com conteúdos de jornalismo audiovisual em 360º e a centralidade da sensação de presença”

Fonte: FACOM UFBA