Estudos do GJOL integraram pela primeira vez o Seminário de Pesquisa em Jornalismo Investigativo, evento que chegou a sua décima edição este ano e fez parte do 18º Congresso da Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, que aconteceu no final de junho na ESPM, em São Paulo.

Os pesquisadores Alexandro Mota e Raíza Tourinho, ambos doutorandos do Póscom-UFBA, apresentaram trabalhos que relacionam os Estudos de Jornalismo Digital com a temática principal do evento, o Jornalismo Investigativo.

“Nós ainda não havíamos estado neste fórum e foi importantíssimo por ser um evento que de fato reúne jornalistas atuantes em meios distintos e com experiências tão ricas”, avalia a professora Suzana Barbosa, coordenadora do GJOL. Para ela, a interlocução contribui com os trabalhos em andamento no âmbito do doutoramento dos pesquisadores, além de ter pessoalmente fortalecido a conexão com outros professores que discutiram, durante o evento, iniciativas conjuntas para o ensino de Jornalismo Investigativo.

Estudos inéditos
Debatendo Platform Beat, “O inimigo agora é outro: mapeando uma agenda de pesquisa para intersecção do jornalismo investigativo com a cobertura das plataformas” foi o estudo apresentado por Alexandro Mota. Em uma lógica de metapesquisa, o autor fez um levantamento das oito edições disponíveis dos anais do próprio Seminário de Pesquisa em Jornalismo Investigativo para entender quais são as principais preocupações do campo e como elas apontam para pensar a especialização da cobertura de empresas de plataforma.

A atual coordenadora do seminário, Thays Lavor, e o coordenador da primeira edição do evento, em 2014, Marcelo Träsel, acompanharam a apresentação e agradeceram pelo levantamento que mostrou qual é a cara e os temas dos seminários anteriores. “Em um evento que é patrocinado pelas principais plataformas, eu acho que é importante que se discuta e se reflita de modo transparente e aberto sobre essa relação entre jornalismo e as Big Techs, foi o que tentamos fazer”, lembra o jornalista e pesquisador Alexandro Mota.

Raíza Tourinho apresenta em seminário na ESPM / Acervo Pessoal

Já em “Ciência, jornalismo e dados: a construção do conhecimento no ‘Engolindo Fumaça”, Raíza Tourinho buscou relacionar como uma equipe multidisciplinar pode promover um jornalismo de alta precisão e inovador e como iniciativas como o especial do InfoAmazônia – que investigou os efeitos das queimadas na Amazônia durante o período da pandemia e sua relação com a saúde da população local – permite discutir as relações entre ciência e jornalismo.

“A aproximação entre a Academia e a prática é enriquecedora em múltiplos aspectos e para todas as pessoas envolvidas. Não só minha pesquisa demonstra isso, como a interlocução que tivemos ao apresentar nossos trabalhos acadêmicos em um evento tradicional da prática jornalística. Foi simplesmente fantástico”, avalia Tourinho.

As duas apresentações aconteceram na categoria estudos inéditos e estiveram entre os quatro selecionados entre os 15 trabalhos submetidos ao evento. Na mesma categoria, apresentaram trabalhos pesquisadores atualmente vinculados às universidades de Brasília e da Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Os anais da edição do evento com a íntegra dos trabalhos estarão disponíveis em breve de modo on-line.

O Congresso

Promovido pela Abraji desde 2005, o 18º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo aconteceu de 29 de junho a 2 de julho na ESPM em São Paulo, no campus Álvaro Alvim (Vila Mariana). O evento teve boa resposta com alto número de profissionais que foram presencialmente ao evento, apesar do formato híbrido — presencial, com transmissão simultânea on-line de 50% da programação e participação remota de alguns convidados.

Já o Seminário de Pesquisa em Jornalismo Investigativo foi criado em 2014, sendo o primeiro evento acadêmico dedicado ao jornalismo investigativo no Brasil. De acordo com a organização, o objetivo do encontro é aproximar jornalistas profissionais da academia para refletir sobre o tema.