Em meio a crise institucional e financeira que vive o jornalismo por anos a fio, as alianças não são uma tendência recente e vão continuar a render experimentações no Brasil, com destaque para o acordo renovado entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e as agências de fact-checking no mutirão de combate à desinformação nas eleições presidenciais de 2022.

Grandes ou pequenos, com ou sem o apoio de empresas públicas e privadas, é fato que os nativos têm empreendido coalizões, ou seja, agrupamentos de veículos jornalísticos que visam dar força a determinada ideia ou projeto em comum. Entre os principais objetivos demarcados pela atitude, há o fortalecimento da própria marca e a consolidação do apoio mútuo entre as equipes. 

No Nordeste, é possível listar algumas experiências novas e referenciais feitas por grupos de nativos. A primeira é o aplicativo Lume, plataforma que traz informações apropriadas para pessoas cegas e de baixa visão com matérias feitas por nove organizações de mídia independente. A pesquisa aplicada é derivada do estudo “Acessibilidade jornalística – um problema que ninguém vê”, coordenado pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e a Marco Zero Conteúdo, com recursos do Google News Iniative (GNI).

Uma segunda experiência é o Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco, suporte interativo que disponibiliza o perfil de 42 veículos de mídia periféricos com dados como o ano de fundação, número de membros, temáticas, periodicidade, redes sociais e o impacto gerado por eles na cobertura das comunidades. Encabeçado pela Marco Zero Conteúdo, o projeto é reflexo de uma conjuntura de troca e parcerias entre a rede de nativos pernambucanos.

Na última semana, vimos também o manifesto “Não deixe o jornalismo independente do Nordeste morrer”, da newsletter Cajueira, que fez o levantamento dos meios que correm o risco de desaparecer na região pela falta de renda econômica. Ao todo, são 25 coletivos que necessitam de um maior aporte financeiro para continuar de pé. A situação não é uma surpresa para uma recordista geográfica de desertos informativos, mas é certo que a vida útil dos nascentes digitais está em jogo no Brasil.