Ainda não foi desta vez que o Teste de Turing demonstrou a inteligência de uma máquina. No domingo 12 de outubro, na Universidade de Reading, na Inglaterra, cinco computadores (Brother Jerome, Elbot, Eugene Gootsman, Jabberwacky e Ultra Hal – eram seis, mas Alice não foi instalada em tempo) participaram de um concurso anual para promover o desenvolvimento da Inteligência Artificial, o Prêmio Loebner. Em 17 anos de concurso, nunca um computador ganhou medalha de prata ou de ouro. Foi o que ocorreu no domingo 12/10, quando a máquina Elbot conseguiu se fazer passar por humano, enganando 3 dos 12 jurados, e ganhar a medalha de bronze.
O Prêmio Loebner baseia-se no Teste de Turing, criado pelo matemático britânico Alan Turing que ajudou a decifrar os códigos secretos do exército alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1950, no artigo Computing Machinery and Intelligence, Turing propôs o jogo de imitação como uma maneira de se identificar consciência artificial. Uma pessoa (A) conversando com uma máquina (B) e com uma outra pessoa (C), cada um em um quarto, sem saber quem é humano e quem é máquina. A máquina passa no Teste de Turing se “A” nao consegue com segurança afirmar qual dos dois (B ou C) é a máquina.
O concurso criado por Hugh Loebner, empresário novaiorquino tido como uma figura controversa, premia com medalha de ouro e 73 mil Euros a máquina que conseguir se fazer passar por um humano numa conversa que não seja apenas escrita, mas que integre também comunicação sonora e visual. O segundo lugar (2200 Euros) fica com aquele que consegue passar no teste escrito, iludindo pelo menos metade dos juízes. O terceiro colocado, como foi o caso do Elbot, ganha 1500 Euros por ter sido o melhor concorrente.
(Terra Tecnologia, 2008) – Fred Roberts, criador do Elbot, disse não aceitar o argumento de Turing sobre o pensamento das máquinas. “Não acho que seja nada parecida com pensamento”, ele disse sobre a habilidade de conversação do Elbot. “Se você sabe como um truque de mágica é feito, ele deixa de ser mágica. Lamento soar pessimista”.
Turing propõe em 1950 (pg 435) que “May not machines carry out something which ought to be described as thinking but which is very different from what a man does ? This objection is a very strong one, but at least we can say that if, nevertheless, a machine can be constructed to play the imitation game satisfactorily, we need not be troubled by this objection”. Para Turing, se uma máquina pode conversar como uma pessoa, ela pode pensar como uma pessoa. E faz uma previsão: “I believe that in about fifty years’ time it will be possible to programme computers, with a storage capacity of about 109, to make them play the imitation game so well that an average interrogator will not have more than 70 per cent chance of making the right identification after five minutes of questioning. The original question, ‘Can machines think ? ‘ I believe to be too meaningless to deserve discussion. Nevertheless I believe that at the end of the century the use of word and general educated opinion will have altered so much that one will be able to speak of machines thinking without expecting to be contradicted” (Turing, 1950, pg 442).
Bom, 58 anos depois, o pensamento das máquinas ainda é só uma metáfora, Turing.

Ainda não podemos conversar com uma máquina (Público.pt, 2008)
Robô engana jurados em teste de inteligência artificial (Terra Tecnologia, 2008)
Uma mente consciente não pode ser criada através de softwares (Blog do GJOL, 2007)

Beatriz Ribas