“Eleições em tempos de pandemia e os desafios da cobertura jornalística” foi o tema da edição de setembro do GJOL Cast, que teve como convidados os jornalistas Nina Santos, pós-doutoranda em Democracia Digital no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia; João Pedro Pitombo, correspondente da Folha de S. Paulo em Salvador e mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pelo Póscom UFBA; e Eduardo Kattah, editor-coordenador do núcleo política do Estadão, que inclui as editorias política e internacional. A mediação foi da jornalista Regina Bochicchio, que é membro do GJOL e mestranda em Comunicação e Cultura Contemporâneas.

A pandemia de Covid-19 já tem trazido forte impacto sobre todos os atores do processo eleitoral: candidatos, eleitores e setores da comunicação, como marketing de campanha e a cobertura jornalística. Um desafio extra para os candidatos será o de apresentar propostas para a população dos 5.568 municípios brasileiros em um cenário pós-pandemia. Será preciso, por exemplo, levar em consideração a recuperação econômica e cuidados sanitários e ambientais. Tudo isso sem contar com os problemas já conhecidos de cada cidade, evidenciados a partir da Covid-19.

Diante desse cenário, no qual ocorrerão as eleições municipais, como deve se comportar o jornalismo? E qual legado que este período pode nos deixar?

Para Eduardo Kattah, haverá um impacto significativo na tradicional agenda de rua, mais próxima do eleitor. Elas vão existir, mas com restrições e cuidados. “Com isso, as campanhas na TV, no rádio e nas plataformas digitais serão fortalecidas, já que as pessoas estão mais em casa. Haverá menos proximidade física, mas também será possível aos jornalistas cobrir nos meios digitais e eletrônicos”, afirmou.

Nina Santos destacou que esta eleição vai acelerar processos que já estavam em curso, como as campanhas digitais. “Um dos fenômenos mais importantes é que as pessoas vão formar opinião sobre os candidatos e sobre a própria dinâmica eleitoral muito a partir do ambiente digital. Isso impõe novos desafios ao jornalismo, de cobrir o que acontece nesses espaços”, disse. Para a pesquisadora, as fake news preocupam muito nessas eleições: a velocidade com que têm se disseminado, a dificuldade de checagem e de se estabelecer o que é considerado verdade em determinados casos, especialmente em um momento em que se tem milhares de campanhas acontecendo.

João Pedro Pitombo lembrou que, normalmente, em ano eleitoral, a cobertura já começa no primeiro semestre, mas a pandemia atrasou esse cronograma. “E quando ela começou de fato, foi num formato engessado, que os candidatos vão querer engessar mais ainda, pois estão no controle. Cabe a nós, jornalistas, tentar furar esses bloqueios, para conseguir confrontar candidatos e colher informações de bastidores”, afirmou.

Assista abaixo ao vídeo completo: