Hoje é domingo, há tempo para refletir.
Cristiano Antonelli ensina economia na Universidade de Turin (Itália) e pesquisa sobre a Economia do Conhecimento. Recentemente participou de um seminário sobre inovação. Luca de Biase em seu blog buscou resumir as principais idéias de Antonelli em sua fala. Busquei uma tradução tão fiel quanto ao meu alcance.
“O valor brota do conhecimento. O conhecimento tornou-se um fenômeno econômico. Sempre foi um pouco assim. Conhecimento é sempre produzido, sobretudo através do saber fazer. Mas hoje o suporte do conhecimento se tornou menos importante. O conhecimento se aliviou de seu suporte. O conhecimento se desincorporou. As consequências são importantes para a economia e para a ciência que a estuda.
1. O conhecimento é imitável. Pode ser imediatamente copiado. Os concorrentes podem se apropriar dele facilmente.
2. O conhecimento é um bem da experiência. O valor conhecimento se aprecia após havê-lo obtido. Difícl compreender como vendê-lo e como fazer que se pague por ele.
3. O conhecimento não se desgasta. Se o cedo a alguém, não o perco.
4. Portanto o mercado não governa o intercâmbio de conhecimento. O conhecimento enquanto bem econômico não está regulado pelo mercado. O mercado e a competição não funcionam para o conhecimento da mesma forma que para bens materiais.
5. Tenta-se resolver esse problema usando-se o direito de propriedade intelectual, como se fosse possível reduzir o conhecimento a um bem tradicional.
6. O conhecimento é indivisível. É estudado através de um conjunto de abordagens como economia, antropologia, matemática, filosofia… E se acumula. Pode-se reutilizar o conhecimento que vem do passado (História). Com os diplomas pago o conhecimento de hoje, mas não o de amanhã (não se pode gerar o conhecimento de amanhã pela somatória do disponível hoje). É portanto mais produtivo financiar-se a pesquisa com subsídios e financiamentos à universidade, para que haja conhecimento livremente utilizável amanhã.
7. Como transformar essas mudanças em vantagem? A vantagem é que o custo do acesso ao conhecimento disponível no ambiente é muito baixo (com relação ao custo de gerá-lo pela primeira vez). Este é uma tema que para o economista está na ordem das externalidades. O conhecimento externo é um recurso.
8. Mas é necessário saber utilizá-lo. Reconhecer-se o valor de aceder ao conhecimento externo. A exploração tem valor: buscar o conhecimento, saber onde estão as pessoas e centros que trabalham nas fronteiras do conhecimento. Deve-se ter no interior da empresa pessoas que saibam compreender, saibam absorver esse conhecimento externo. Essa absorção é um custo. O custo de absorver o conhecimento externo é necessário para recombiná-lo e integrá-lo no processo interno, a fim de gerar-se novos produtos.
9. O sistema se caracteriza pela complexidade. E pela seredipidade (serendipity). Variedade. Interconexão. Capacidade de gerenciar o novo conhecimento.
Agregue-se, sobretudo, isto: da mesma forma que as empresas devem tomar consciência de que o conhecimento externo é um recurso, assim também devem perceber que elas são tanto mais ricas quanto mais o ambiente externo é alimentado. E que vale a pena contribuir, restituindo ao ambiente o conhecimento gerado no interior das empresas. Ou alimentar a geração de conhecimento por parte de sujeitos como as universidade, os centros de pesquisa e os intelectuais”.”

marcos palacios