Os portais de notícias do estado ainda vivem na segunda fase do desenvolvimento do ciberjornalismo, alguns na pré-história. Apesar de, há alguns anos, vários desses portais terem realizado uma reforma e disponibilizado uma “capa” onde apresenta as principais matérias do dia e fotos que trocam a cada 60 segundos, a estrutura do portal se distanciou da linguagem ciberjornalística e, em conseqüência, provocou o cansaço do leitor.

Os textos têm um formato mais para jornal impresso ou colunas pessoais de jornalismo impresso. Repórteres e colunistas não consideram o suporte “cibermeio” e o que demanda essa característica para a produção dos textos. Contudo, esse ser “tradicional”, baseado na linguagem do jornalismo impresso, está penalizando o crescimento da audiência no momento em que os portais jornalísticos têm acentuada demanda. Num processo de transformações muito rápidas, os portais jornalísticos tornam-se obsoletos. Mantém uma audiência, considerada acima do satisfatório e que mantém a sobrevivência por meio da publicidade exibida, devido a “tradicionalidade” de alguns portais e ao apadrinhamento político de outros. Se quiserem se manter no ciberespaço e atender sua demanda de crescimento, deverão fazer ajustes que atendam à terceira fase do ciberjornalismo.

Embora alguns portais jornalísticos tenham um grande equipe de redação e reportagem, de fazer inveja a muitas redações de jornais impresso, essas equipe não estão preparadas ou não se atualizam no que se refere às características do ciberjornalismo. É importante ressaltar que, assim como o telejornalismo, o radiojornalismo, o ciberjornalismo é uma disciplina, área específica do jornalismo consolidada. Com o crescimento do numero de usuários da internet, essa audiência cresce a cada dia e somente aqueles que estiverem sintonizados com seu tempo poderão usufruir desse crescimento. E essa audiência, mais habituada a multimidialidade da rede e também mais jovem, vai exigir e demandar melhor conteúdo, melhor apresentação e participação nesse conteúdo. Essa audiência, esse consumidor de notícias rejeita os inúmeros anúncios publicitários com recursos de flash (imagem em movimento) que tornam a página pesada e lenta para carregar as informações, que é o que mais interesse à audiência. O professor Marcos Palácios, coordenador do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On Line da UFBA, ressalvou de forma muito perspicaz o desgaste para o portal jornalístico com as chamadas janelas “pop-up”, aquelas que se abrem sem o controle do usuário na tela do computador. Diz o professor Palácios, “mais rápido que o raio – o usuário FECHA a caixinha clicando no “X”. E que – se por mero acaso – chega a perceber do que se trata, FECHA xingando o anunciante.”

A convergência de mídias anunciada a todo momento, o desenvolvimento da telefonia celular e a chegada da TV digital são indicativos de uma integração iminente da internet com a televisão. Como afirmam os principais cientistas da área, num futuro muito próximo teremos um novo modelo de televisão, que pode ser vista em qualquer computador, em qualquer celular. A televisão integrada a internet determinará uma nova forma de consumir notícias, uma nova linguagem jornalística. Essa mudança não ocorrerá da noite para o dia, é um processo em que os portais jornalísticos devem, aos poucos, se adaptando. O modelo atual sobrecarregado de anúncios em flash, de notas e algumas notícias secas, sem atrativo, sem chamariz, sem o uso das propriedades do ciberespaço está fadado à falência.

Gerson Luiz Martins