Os recentes anúncios de abertura de concursos nas universidades federais estão marcados por um viés que me parece muito preocupante: um foco por demais estreito na formação de origem dos possíveis candidatos aos concursos. Como o Reuni (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) deve gerar um considerável número de vagas para a área de Comunicação, acredito que o assunto mereça imediata discussão.
Explico-me: para literalmente todas as vagas abertas em concursos recentes nas universidades federais brasileiras para Área de Comunicação, os editais trazem a exigência de Bacharelado em Comunicação como condição de inscrição.
É o caso, só para citar o mais recente exemplo, das duas vagas oferecidas para Teoria da Comunicação na Universidade Federal da Paraíba. O edital estabelece:
*Área de conhecimento objeto do concurso: Teorias da Comunicação
*Áreas conexas: Ciências Sociais, Sociologia Artes, Ciência da Informação, Educação,
História, Letras, Antropologia.
*Requisitos Mínimos: Mestrado em Comunicação ou áreas conexas; com Bacharelado em Comunicação Social.
*Numero de vagas: 02 (duas)
Reparem que são mencionadas – de maneira bastante ampla – as “áreas conexas”, mas ao final vem a condição excludente: somente serão aceitos candidatos “com Bacharelado em Comunicação Social”.
Que em concursos para matérias diretamente relacionadas à prática profissional de Jornalismo seja exigida – por força de lei e do corporativismo vigentes – graduação com habilitação na área específica, é algo compreensível, ainda que discutível. Mas quando um concurso para Teorias da Comunicação fecha o foco exclusivamente em candidatos com “Bacharelado em Comunicação Social” o alarme deve soar. Afinal, temos hoje no Brasil 27 Programas de pós-graduação stricto senso (Mestrados e Doutorados) em Comunicação. Nenhum deles faz restrições à área de formação dos candidatos para admissão. É de se esperar que os Mestres e Doutores formados por tais Programas possam atuar como docentes e pesquisadores na área de Comunicação Social, independentemente de seu título de Bacharel. Se assim não for, melhor que os cursos passem a exigir Bacharelado em Comunicação como condição de entrada paras seus Mestrados e Doutorados. Apesar do absurdo, pelo menos a coerência seria maior.

marcos palacios