Contrariamente à visão corrente que associa a Sociologia Clássica ao nacionalismo que caracteriza a era de sua emergência, um artigo de David Inglis e Roland Robertson, ambos da University of Aberdeen (Grã-Bretanha), publicado no mais recente número do Journal of Classical Sociology (vol 8, n.1, 2008), argumenta que uma série de elementos podem ser encontrados na obra de Emile Durkheim (1858-1917) que apontam para um conjunto de conceitos e teorizações que vão contra a noção de que Durkheim seria “o mais metodologicamente nacionalista” dos sociólogos clássicos. Sem negar os elementos nacionalistas do autor francês, os articulistas sugerem que ele seria fonte importante para estudos da gênese da atual situação de globalização que vivenciamos.
Os autores argumentam que os veios claramente nacionalistas do trabalho de Durkheim são mais do que contrabalançados por outras tendências, de orientação mais globalista. A primeira delas seria o desenvolvimento de uma “teoria política cosmopolita”, que já havia sido detectada por outros autores. Além disso, argumentam, existem certas orientações em sua obra que apontam diretamente na direção de elementos para a explicação da gênese e natureza da globalidade social e cultural.
Essas noções encontram-se dispersas em sua obra, mas são principalmente identificáveis nas Formas Elementare da Vida Religiosa. O artigo reconstroi esse embrionário projeto de uma “sociologia global”na obra de Durkhein e assinala o possível débito daquele autor a Fustel de Coulanges nesse aspecto de seu pensamento.
Os autores concluem que os esforços durkheimianos para compreender as condições de globalidade e conectividade planetária devem ser seriamente considerados nas avaliações contemporâneas relacionadas com a capacidade da Sociologia Clássica de dar conta dos fenômenos e instituições globais da contemporaneidade.
O artigo pode ser acessado na íntegra através do Portal de Periódicos da CAPES nas entidades habilitadas.

marcos palacios