Uma contribuição para a Ciranda Textos, que está sendo lançada hoje no Blog do André Deak.



Falar hoje sobre a qualificação profissional do jornalista é assunto dos mais oportunos, com duas postagens sobre o assunto pescadas em dois importantes blogs de nossa área.
A Mindy McAdams deu uma palestra para jornalistas que estão se formando agora e enumerou o que considera as atitudes fundamentais para o profissional que vai agora enfrentar o mercado. De quebra, ela produziu uma lista de recursos, que podem ser muito úteis para qualquer jornalista, novato ou experiente.

Eric Ulken, um produtor no The Los Angeles Times e instrutor na USC, analisou todas as descrições de perfís buscados em anúncios de empregos para jornalistas, publicados durante um ano no JournalismJobs.com.

Ulken omitiu palavras não-técnicas (como por exemplo, “editor”, “procura” e “iniciante”) e construiu uma nuvem de tags com o resto. O resultado foi essa nuvem aí (clic na imagem para ampliar).
Diz muito ou não diz?

O desafio é enorme e os cursos de Jornalismo em nossas Universidades e Faculdades estão longe de oferecer uma resposta à altura. Pensamos e agimos didaticamente ainda em base a modelos “feudais”, com o jornalismo ainda concebido fundamentalmente em termos de “suportes” (jornalismo impresso, radiofônico, televisivo, empresarial, etc) solenemente ignorando os fenômenos de convergência, que saltam à vista.

É verdade também que o movimento de renovação não é homogêneo e alguns cursos estão mais avançados do que outros em sua reformulação curricular e movimentação no sentido de levar os programas para a era digital, mas no geral a situação é ainda incipiente em termos de fazer face ao desafio.

Uma das maneiras de começar – ou seguir adiante- é tomar pé da situação. Onde estamos? Para onde devemos seguir? Que experiências estão sendo feitas?

São promissoras, nesse sentido, as iniciativas de constituição de grupos de trabalho e grupos temáticos tendo como eixo o ensino do jornalismo, como vem ocorrendo, por exemplo, nos encontros da SBJor e do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, nos quais o ensino tem tido presença constante em mesas temáticas.

A formação de redes de pesquisa, envolvendo múltiplas instituições de ensino e tendo a renovação contínua do ensino como tema, é outra necessidade urgente. Nesse sentido, remeto os interessados para os resultados obtidos pela Red ICOD, que envolvendo universidades da Europa e América Latina, debruçou-se por dois anos sobre a análise da situação, produzindo um diagnóstico preliminar, identificando as qualificações digitais fundamentais nas várias área da Comunicação Social e relatando diversas experiências que podem ser muita utilidade nesta discussão. O Relatório está online, em quatro idiomas, inclusive espanhol e português.

marcos palacios