A National Union of Journalists (NUJ) da Grã Bretanha acaba de divulgar um importante documento intitulado Shaping the Future (NUJ Commission on Multi-Media Working 2007 ).
Trata-se de um estudo das condições de trabalho dos jornalistas na Grã-Bretanha e dos efeitos da introdução do jornalismo multimídia e dos processos de convergência midiática nas empresas de comunicação britânicas.
O Relatório é produto de uma análise efetuada com base em um levantamento de dados conduzido entre 15 de junho e 30 de julho deste ano, através de questionários enviados a todas seções sindicais (chapels) da NJU e entrevistas em profundidade realizadas em 15 empresas midiáticas.
Foram levantadas variáveis como salários, condições de trabalho, acordos e contratos trabalhistas, freelancing, treinamento, posicionamento com respeito a conteúdos gerados por usuários, dentre outras.
Para 25% dos jornalistas britânicos, a introdução da Nova Mídia(New Media) resultou em mudanças em seus turnos ou horários de trabalho. 75% dos respondentes sentem que a integração das redações levou a uma carga de trabalho aumentada para todos.
A NJU reconhece que as fronteiras entre as diversas tarefas jornalísticas estão cada vez mais borradas e que será necessário conviver com essa realidade no futuro. 45% dos entrevistados informaram que já foram submetidos a treinamentos para desempenho de várias tarefas “diferentes de sua rotina habitual”, tais como fotografar e editar fotos, gerar e editar vídeos, produzir gráficos, compor páginas, dentre outras.
O Relatório revela também preocupação na NJU com relação à formação dos estudantes de jornalismo:
“Todos os cursos deveriam estar oferecendo treinamento simultâneo em impresso, broadcasting (rádio e TV) e jornalismo digital, ao invés de cursos separados para jornais, revistas e broadcasting (…) O formato dos curriculos ainda não está dando conta do treinamento multi-habilidades e muito poucos acadêmicos de comunicação ou jornalistas são capazes de impartir disciplinas voltadas para multi-habilidades”.
Há muito a ser tirado do Relatório e reflexões em torno dele deverão estar circulando na Blogosfera nas próximas horas.
marcos palacios
07/12/2007 at 09:49
Bom dia, Marcos. A julgar pelo que se observa ao sul do Sul do Brasil, as conclusões da pesquisa procedem. Senão, vejamos: a RBS, por meio do jornal Zero Hora, implantou, há pouco, sua redação multimídia, o que faz com que todos participem do processo, direta ou indiretamente. O Grupo Editorial Sinos (em especial os jornais NH, VS e Diário de Canoas) – a primeira empresa da Região Sul a transpor conteúdo para a web com atualização constante e uso de imagens e áudio, ainda em 2000)- desde há muito se vale do “entorno” para fornecer conteúdo aos seus sites; seja pelo viés de imagens em movimento, palavras ou áudio. Isso para ficarmos em apenas dois exemplos, ainda que os mais relevantes por estas plagas. Temos trabalhado isso em aula, em especial na Univates, by Lajeado, por meio do Lambida Digital, mas também pelas discussões conceituais em torno do tema “jornalismo em base digital”, movidos basicamente pela compreensão de que o jornalismo está em processo de metamorfose. E que é preciso compreender o que isso siginifica. Grande abraço e bom trabalho. Demétrio
07/12/2007 at 15:57
O que ocorre em alguns jornais da Inglaterra é justamente CONVERGÊNCIA: de trabalho e de equipes.
Ou seja, não se trata apenas do pessoal do impresso produzindo também pro online. Senão vira o dobro do trabalho pelo mesmo salário.
Interessante é que, lá, as equipes do online também passaram a produzir para o impresso.
Não há mais distinção entre essas equipes, em suma. E sim, uma diversificação e compensação de tarefas.
O que ocorre aqui em muitos veículos brasileiros, no entanto, é que jornais querem ter site mas não querem contratar equipe para isso. Então, de fato, duplicam a carga do povo do impresso e ele só pode achar ruim.
Bom lembrar que não há progresso sem investimento. Contratem, pois!