Reportagem hoje no Telegraph assinala que é crescente a participação de usuários acima dos 50 anos em sites de relacionamentos, como o My Space e Facebook.
Os dados apresentados indicam que a participação de adultos mais velhos (a partir de 35 anos) é crescente nesses sites e muito forte o incremento da faixa acima dos 50. A constatação está levando inclusive à criação de redes especializadas de relacionamentos, como a MyChumsClub (mychumsclub.com) e Saga Zone (www2.saga.co.uk/sagazone), ambas lançadas esta semana, especificamente direcionadas para idosos (ups… terceira idade).
O ponto mais interessante da reportagem, no entanto, talvez seja a constatação parelela de que os publicitários produzindo anúncios para os sites de relacionamento são todos jovens (80% deles abaixo da faixa dos 40) e têm dificuldade para se comunicar com os consumidores mais velhos.
Os adultos com mais de 50 anos detém cerca de 80% da riqueza pessoal na Grã-Bretanha e são responsáveis por 40% das despesas de consumo. Nos sites de relacionamentos a publicidade, em geral, se direciona para jovens.
Os mais velhos têm sido apontado como fortemente resistentes à publicidade online (ainda que haja dados divergentes quanto a isso). Como fica a situação com esse crescimento de sua presença na web?
E, naturalmente, cabe também a pergunta: é preciso ter mais de 50 anos para saber criar publicidades que atinjam a faixa dos 50+ ? Criatividade tem idade?
marcos palacios
02/11/2007 at 19:56
Permitam-me transcrição de http://www.comunicacaoempresarial.com/uncategorized/consumo-senior/, de 30 de Agosto deste ano, a puxar a brasa à sardinha dos estudos lusos ;-):
O departamento de pesquisa da McCann Erickson Portugal, num estudo levado a cabo em Portugal, chegou à conclusão de que a população com idade superior a 55 anos significa uma cada vez maior oportunidade de negócio. Na realidade, à altura do último recenseamento, em 2001, a proporção de jovens [0-14 anos] tinha já sido ultrapassada pela dos idosos [maiores de 65 anos], sendo que o índice de envelhecimento em Portugal se situa nos valores de 103 idosos para cada 100 jovens. As projecções para 2050 indicam que o peso da população idosa tende a aumentar. Neste contexto, a McCann aconselha as organizações a identificarem melhor as necessidades da população com idade superior a 55 anos e a estudar a melhor forma de comunicar com este público alvo.
No estudo aos hábitos de consumo e lazer dos 27% da população portuguesa que esta faixa etária representa, chega-se à conclusão de que os seniores valorizam a televisão como ocupação dos tempos livres. O futebol surge também em destaque, sendo que 41% da população o pratica enquanto 77% assiste a jogos pela televisão. Assim, o futebol é um meio privilegiado de transmissão das mensagens a estas pessoas. As acções promocionais, por outro lado, devem estar presentes nos pontos de venda e na caixa do correio. Os dados Media in Mind indicam-nos que os media mais adequados para a passagem de informação para esta camada etária são a televisão [a ocupar mais de 50% do tempo diário], a rádio [17%] e o outdoor [16%]. A imprensa significa apenas uns 7.5%.
O relatório aponta que as mensagens dirigidas ao público com mais de 55 anos de idade devem retratar positivamente os estilos de vida e valorizar a experiência de vida e a sabedoria dessas pessoas. Os seniores gostam de experimentar novos produtos, mantendo-se, porém, fiéis às marcas que sempre consumiram. Na fase de vida em que se encontram valorizam a prática do desporto e do turismo e, mais importante, necessitam de aprender e reciclar conhecimentos.
A agência aconselha o ajustamento da comunicação a este público, tendo os cuidados necessários em relação às diferenças entre os que podem consumir produtos premium e os que se ficam pelos produtos de baixo custo.
02/11/2007 at 21:10
A este respeito, escrevemos recentemente um artigo (“Elementos identitários no discurso publicitário para idosos no Brasil: estratégias de positivação da velhice, novos velhos ou novos mercados de consumo?”,apresentado, inclusive, na última Bienal Iberoamericana, em Córdoba-Ar), no qual analisamos um pequeno corpus de anúncios publicitários voltados para pessoas com 60 anos ou mais.Por meio de breve análise, percebemos que três anunciantes, predominantemente, dirigem-se a esta faixa: as instituições financeiras, as agências de viagens e aqueles inseridos na denominação dos serviços médicos (planos e seguradoras de saúde,farmácias,laboratórios farmacêuticos, dentre oturos).
Não sabemos afirmar, contudo, se se trata de uma oportuna atenção a este público, por caracterizar-se, como consumidor potencial destes produtos, em particular, ou se o marketing comercial, no Brasil, já se prepara para um redirecionamento ou abertura de suas estratégias, a fim de atender a uma parcela de público mais ampla, com poder aquisitivo à altura de outros serviços e produtos já existentes no mercado.
Nesta análise exploratória, contudo, fica patente a relação entre os produtos anunciados e o poder aquisitivo necessário para obtê-los. O que nos leva a afirmar aqui neste comentários e lá, em nosso artigo, que um contingente amplo, de cidadãos e cidadãs nesta faixa etária, está à margem deste consumo…
Em dias futuros, talvez, quando produtos similares a custos mais baixos estiverem disponíveis e estas populações tiverem atendidas condições básicas de vida, quem sabe, poderão ser alvo da atenção de um marketing voltado para as classes C e D?
Annamaria Jatobá Palacios
Faculdade de Comunicação/Universidade Federal da Bahia