André Deak, que acaba de deixar a Agência Brasil, onde ocupava o cargo de Editor Multimídia, deu uma entrevista por e-mail para Nayara Rocha, do site Sublide.com onde explica o que fazia na Agência e como as qualificações jornalísticas estão em mutação.

Alguns trechos:
SubLide.com – Você está saindo agora do cargo de editor multimídia da Agência Brasil. Essa não é ainda uma função muito comum. O que faz um editor multimídia?
André Deak – Como é um cargo novo, ele talvez seja um pouco diferente para cada empresa, uma vez que nem todas são multimídia da mesma forma. Lembro de um anúncio do New York Times para editor multimídia em que se pedia, claro, muita experiência com texto e TV, mas também conhecimentos de HTML e programação em Flash. Quando criamos o cargo em 2006, basicamente era preciso possibilitar, desenvolver e gerenciar a entrada de áudios, vídeos e infografias na página. O site da Agência Brasil é apenas um dos veículos da Radiobrás, que tem também cinco rádios e três canais de televisão. No caso das TVs, tudo analógico. Tive que criar um fluxo diário para que o melhor que estivesse sendo produzido nesses canais fosse também para a internet. Com a rotina criada, pude me envolver com o desenvolvimento dos projetos multimídia, como o Rio Madeira, Consumo Consciente, Bon Bagay Haiti e Nação Palmares (que deve sair essa semana). Também sempre gerenciei o desenvolvimento das infografias, estáticas ou animadas (em Flash). No final, aprendi a editar vídeos no Premiere, e dá pra dizer que sei um pouco de flash (pelo menos entendo como funciona). Como o setor multimídia da Agência Brasil agora está mais desenvolvido, certamente os pré-requisitos para um novo editor lá serão outros – talvez mais próximos dos do New York Times…
SubLide.com – E nesse ambiente de interatividade e multimidialidade criado pela Internet, qual é, ou deve ser, o papel e o perfil do novo jornalista?
André Deak – O papel do jornalista sempre será o de contar histórias. E especialmente trazer à tona histórias obscuras, esquecidas e sujeiras debaixo do tapete em geral. A diferença agora é que as ferramentas para isso são muitas. É muito simples fazer vídeo, foto e áudio – qualquer um pode fazer. Então, se uma história requer alguma ou várias dessas mídias para ser contada, por que não usá-las? Já é preciso sair da cápsula “sou jornalista de texto”, para se tornar apenas “sou jornalista”. Estar aberto ao novo mundo que nos chega. Além disso, talvez o jornalista esteja muito mais próximo de seu público, que na verdade já não é mais só público, porque produz. Estar aberto a essa nova relação e perceber que o monopólio da produção de informação saiu das mãos do jornalista também é importante…

A entrevista completa está aqui.

marcos palacios