A cada 15 dias, uma das 6,5 mil línguas faladas na Terra desaparece. Reunidos na capital da Malásia, para tratar do assunto, lingüistas de todo o mundo lamentaram que haja pouca esperança de se reverter o processo. Os países em que esse fenômeno mais ocorre são os Estados Unidos, Canadá e Austrália, mas na Ásia também há muitas línguas em sério risco de extinção.
“Na língua, há um armazém de tesouros do conhecimento humano”, lembrou Nicholas Ostler, presidente da Fundação para as Línguas Ameaçadas, entidade com sede na Grã-Bretanha. “Desse modo, quando uma língua se perde, desaparece para sempre, não são só as palavras que vão com ela, mas normalmente um tipo específico de linguagem..”
De acordo com um levantamento publicado na revista norte-americana Cultural Survival, 89% das 154 línguas tribais remanescentes nos EUA estão sob perigo iminente de extinção, sendo que mais de metade delas só é dominada por pessoas já bastante idosas. No estado de Oklahoma, por exemplo, pelo menos 14 idiomas – o hitchiti, o kaw, o kitsai e o peória, entre muitos outros – já não são mais faladas.
Na ilha de Andaman, no Oceano Índico, a maior língua local está reduzida a apenas 20 falantes. E em Brunei, segundo os especialistas, os idiomas minoritários devem ser extintos em uma ou duas gerações.
No Paquistão, o siraiki, falado por 40 milhões de pessoas na província de Punjab, está sob ameaça, já que os moradores estão apelando para o inglês e para o urdu em busca de uma melhor posição social e econômica. Eles sentem que a língua siraiki não tem nada a oferecer”, disse a linguista paquistanesa Saiqa Imtiaz Asif.
Na China, país com quase 1,5 bilhão de pessoas e onde a população se comunica em cerca de 235 línguas e dialetos, a ascensão do mandarim é a grande ameaça.
Não há muitos sinais de esperança, afirmam os especialistas. (Estado de Minas, 30/10)

marcos palacios