Um artigo publicado por Elizabeth Zwerling, na Online Journalism Review, vem acendendo discussões na Blogosfera, em torno do tema da Memória Jornalística e sua permanência.
Trata-se do seguinte: uma cidadã que trabalha para uma empresa de cartões de crédito solicitou que fossem retiradas de um jornal estudantil da Universidade de La Verne (Los Angeles) declarações que ela havia dado em uma matéria publicada há dois anos atrás. O jornal (Campus Times) tem uma circulação impressa de 2000 exemplares e uma versão online.
Acontece que agora, passados dois anos, a cidadão arrependeu-se de suas declarações ou mudou seus pontos de vista, e sentia-se incomodada com a persistência dessa “memória” online que, segundo ela, dificultava sua vida profissional.
O assunto foi investigado, a exatidão das declarações checadas com a repórter que produziu a matéria e, ao final, foi decidido que as opiniões expressadas não seriam retiradas.
O caso não é único. Grandes jornais que mantém versões online recebem muitas solicitações como essa.
O Poynter Institute tem um artigo sobre assunto e Mindy McAdams também opina sobre a questão.
Não é tão simples como pode parecer à primeira vista.
A Internet potencializa enormemente a memória e torna essa memória rapidamente recuperável pelas técnicas cada vez mais refinadas de data mining e buscas.
Os arquivos tendem a ser vistos como “testemunhos” e sua alteração equivale a uma ação de “reescrever a História”.
Por outro lado, a web faz como que sejam facilmente encontradas informações prestadas ou disponibilizadas por pessoas que, por uma razão ou outra, sintam-se agora prejudicadas ou embaraçadas por elas.
Um ex-presidiário alegou que seu nome, no Passadena Weekly (California), após o cumprimento de sua pena, dificultava a sua empregabilidade e re-inserção na sociedade, pois qualquer busca no Google imediatamente associava seu nome a seu crime. Ele havia pago seu débito para com a sociedade, mas seu nome estava marcada pelo passado.
Uma mulher, que na juventude defendera uma determinada postura com relação a escolhas sexuais, pedia a retirada de suas opiniões, por ter deixado de ser “gay”.
Um cidadão que fizera declarações racistas, agora percebia o erro de suas posições pedia a retificação ou exclusão do que havia declarado no passado.
Como agir em casos como esses?
Que elementos podem servir de balizamento para modificar ou manter um registro jornalístico contido em um arquivo?
Eles são realmente absolutamente “imexíveis”, ou solicitações para sua alteração devem ser analisadas caso a caso, quando estão em causa questões relacionadas a graves embaraços sociais, ou mesmo obstáculos e dificuldades à sobrevivência econômica de uma pessoa.
Vale a pena ler as três intervenções que circularam até o momento.
Vale a pena levar a questão para as salas de aulas.

marcos palacios