Jack Shafer, um veterano jornalista norte-americano, publicou na revista Slate um artigo no qual faz considerações sobre o número de pessoas empregadas e o tipo e qualidade de jornal produzido, nos últimos 30 ou 35 anos.
As tendências dos últimos anos de queda de circulação, diminuição de tamanho e número de páginas e, principalmente, redução do número de jornalistas nos grandes jornais norte-americanos, levaram Shafer a se colocar uma pergunta:
“Quantos jornalistas um jornal pode dispensar, antes que seu cabelo comece a cair e as costelas comecem a aparecer?”
Para respondê-la, ele mergulhou nos arquivos de microfichas das edições impressas do The New York Times e Washington Post, dos últimos 35 anos, e tentou correlacionar a qualidade do que se fazia com o número de jornalistas empregados.
Segundo Shafer, nas últimas três décadas houve um movimento de inchaço nas redações, que agora começa a refluir. O NYT emprega cerca de 1200 pessoas hoje em dia e o Post em torno de 800, mas há 35 anos atrás eles faziam jornais “decentes” com a metade desses números, afirma Shafer.
A conclusão a que ele chega, após analisar o tipo de material publicado em edições produzidas com muito menos gente, é de que a capacidade de sobrevivência de um jornal ao corte de pessoal depende de:
a) que tamanho o quadro de profissionais atingiu em seu pico de crescimento (obviously, poderíamos acrescentar);
b) que tipo de cobertura vai passar a ser feita com um staff mais reduzido.
Teoricamente, um corpo de 400 ou 500 jornalistas, em 2007, com toda nova tecnologia à sua disposição (laptops, câmeras digitais, i-Phones, viagens aéreas fáceis – not in Brazil, mate… -, Google, bases de dados etc), deveria ser capaz de produzir muito mais que o mesmo número em 1972. Mas isso vai depender, é claro, do tipo de cobertura que o jornal decida fazer.
Shafer diz que, se tivermos sorte, os jornais do futuro vão se parecer bastante com os jornais de 30 ou 35 anos atrás.
É polêmico?
É claro que é.
Se não fosse, por que diabos eu estaria falando disso aqui no Blog.
Leia o artigo de Shafer.

marcos palacios