O prof. Antonio Sofi no Webgol retoma reflexões sobre a dinâmica da difusão da informação, a partir de observações do impacto de um artigo simultaneamente publicado em papel e disponibilizado na Web, a que nos referimos em postagem anterior aqui no Jornalismo & Internet.
Sofi faz considerações sobre o nível de difusão alcançado na Web, através das repercussões e comentários que sua postagem original provocou, chegando inclusive “dall’altra parte del mondo”. E finaliza com um chamamento para a necessidade de um maior esforço no que diz respeito ao Bridging Translinguístico: como levar uma coisa de um mundo a outro, de uma língua a outra. O tema é dos mais importantes, de fato.
Há uma tendência de formação de blogosferas mono-linguísticas, claramente detectáveis em estudos que buscam identificar padrões de linkagem entre blogs. Os clusters ou galáxias resultantes indicam tendências de auto-referencialidade em conjunto de blogs de uma mesma língua, com poucas ligações “para fora”. Um exemplo disso pode ser observado numa postagem recente de Matthew Hurst (Tribes of the Blogosphere), no Data Mining, onde ele mapeia um cluster lusôfono, tendo como ponto central o blog postuguês Blasfémias.
A formação de clusters translinguísticos deve ser a meta buscada, como caminho para a maximização do potencial aberto pela blogosfera.
Em torno dessa discussão, Federico Fasce, em seu Blog Kurai, traz para o debate a distinção estabelecida pelo sociólogo norte-americano Robert Putnam, entre Bonding e Bridging, no que se refere a capitais sociais e processos de socialização. De maneira simplificada: Bonding ocorre quando nos relacionamos com pessoas que são como nós; Bridging quando buscamos aqueles que são diferentes. Os dois processos são, evidentemente, complementares e não necessariamente excludentes. Mas é importante que se tenha em mente que, a despeito do caráter global das tecnologias de comunicação em rede, a apropriação de tais tecnologias é sempre localmente mediada: pela língua, pela cultura, pelas variações de contextos sócio-econômicos.
É no contato translinguístico e transcultural, através de um contínuo processo de Bridging, que as diferenças serão confrontadas, debatidas, tornadas complementares, incrementando-se a multivocalidade e o enriquecimento das partes envolvidas.

marcos palacios