O Google anuncia modificações nos sistemas de classificação automatizados na plataforma de busca em relação às notícias jornalísticas. De acordo com a empresa multinacional, as alterações vão auxiliar a plataforma a identificar melhor as matérias originais e mostrá-las com maior destaque nas pesquisas, além de garantir que as notícias permaneçam mais tempo no mais alto grau de visibilidade da busca. Esta transformação na lógica algorítmica divulgada este mês de setembro pela instituição de serviços online e software dos Estados Unidos é de abrangência mundial. Para curadoria dos conteúdos jornalísticos,  “temos mais de 10.000  avaliadores em todo o mundo avaliando nosso trabalho – o feedback deles não altera a classificação dos resultados específicos que eles estão revisando; em vez disso, é usado para avaliar e aprimorar algoritmos de uma maneira que se aplica a todos os resultados”, pondera Richard Gingras, vice-presidente de notícias do Google, no blog da empresa.

Esta ação sinaliza uma preocupação da empresa em promover informações de relevância para sua audiência, uma vez que, atualmente, os mecanismos de pesquisa da internet e as redes sociais digitais são as fontes de conhecimento imediato e complexos dos acontecimentos. Gingras afirma que as mudanças nos algoritmos da busca no Google significam que “os leitores interessados ​​nas últimas notícias podem encontrar a história que começou tudo e os editores podem se beneficiar de ter seus relatórios originais mais amplamente vistos”. Tal procedimento visa indicar aos usuários a direção original das notícias, atentando para a paisagem múltipla, diversa e fragmentada de mídia que se caracteriza pelo fluxo crescente de informações, no qual há, em grande proporção, conteúdos falsos, demasiada desinformação e muitas mensagens partidárias.

Fotografia de Richard Gingras, vice-presidente de notícias do Google, que é um homem branco, de barba e bigote, sorrindo e ao fundo a imagem tem galhos e folhas verdes.

“Com as notícias em particular, sempre buscamos mostrar uma diversidade de artigos e fontes para oferecer aos usuários o máximo possível de contexto e insight”, afirma o americano Richard Gingras, vice-presidente de notícias do Google.
Foto: Divulgação.

A transparência do que é valorizado no conteúdo do Google ao classificá-lo não é total, mesmo tomando em consideração o documento público sobre as diretrizes que norteiam o trabalho dos avaliadores de pesquisa da empresa. Um dos critérios publicitados pela organização referente à gestão da base de dados é a reputação geral do editor de relatórios originais, mensurado, por exemplo, por prêmios de renome internacional no jornalismo. No que diz a respeito ao desempenho dos sistemas de classificação automatizados para que eles possam apresentar melhor o conteúdo original, o vice-presidente de notícias do Google pondera que “não existe uma definição absoluta de relatório original, nem existe um padrão absoluto para estabelecer quão original é um determinado artigo”.

Os algoritmos como mediadores da realidade social influenciam tanto como entendemos o estado verdadeiro do mundo quanto o modo que o construímos. Assim sendo, temos que olhar com atenção para a maneira pela qual as fórmulas automatizadas trabalham com padrões de inclusão, mas também com os movimentos de remover e de omitir. O pesquisador americano Thomas Cormen define o algoritmo como um procedimento computacional bem definido que pega algum valor, ou conjunto de valores, na entrada e produz algum valor, ou conjunto de valores, como saída. Com esta compreensão, tomamos conta de que se trata de uma luta social no espaço de visibilidade. Por fim, vale lembrar que a programação e a modelagem do algoritmo como bens de mercado são consideradas um segredo industrial, e, como sigiloso e privado, essas corporações estão isentas de qualquer tipo de regulamentação, controle ou livre concorrência, atuando de acordo com seus interesses políticos e suas preferências.