Compreender o comportamento de consumo de notícias frente ao uso do paywall. Com este objetivo, a pesquisadora do GJOL Andrezza Pessoa está desenvolvendo sua dissertação de mestrado, que será defendida em 2025. A metodologia do estudo será o grupo de foco e, para entender melhor as especificidades desse procedimento, Andrezza e sua orientadora, a professora Lívia Vieira, foram conhecer o núcleo de Pesquisa, Inteligência da Programação e Análise, da Rede Bahia. A Pipa Pesquisas, como é mais conhecida, identifica padrões de consumo e preferências, auxiliando as marcas do grupo a compreender melhor seus públicos.

Na ocasião, conversamos com Adriana Barros, Leilane Miranda e Júlia Ávila, que nos deram orientações valiosas sobre grupos focais. Falamos muito sobre como se estruturam as sessões, que são conversas guiadas entre um pequeno grupo de pessoas sobre um tema específico. A literatura sugere grupos de oito a quinze pessoas reunidas pelo tempo de uma a duas horas – em ambos os casos o número de participantes deve ser limitado para que as discussões não se sobreponham na fala, e todos possam tanto falar quanto serem ouvidos. O tempo também deve ser limitado, para que a experiência não se torne exaustiva. Muitas vezes, as pessoas se levantam para ir ao banheiro, realizar telefonemas e quanto mais atentos e dedicados ao papo os participantes estiverem, melhor é a qualidade das discussões.

A ideia é que um moderador conduza o bate-papo, fazendo perguntas roteirizadas (geralmente 12) e incentivando todos a compartilharem suas opiniões, experiências e sensações. Essa interação ajuda a entender o que as pessoas realmente pensam e sentem sobre um produto, serviço ou assunto, e, principalmente, os motivos por trás dessas opiniões. Para diminuir as distorções da experiência, promover um espaço confortável em iluminação, som e temperatura é ideal, por isso, sugere-se salas climatizadas que disponham de água, café e talvez um lanche. Dessa forma, é garantida uma interação privada, na qual todos possam se sentir confortáveis e a captação de áudio seja também excelente.

Um outro aspecto que torna-se possível em pesquisas que possuam orçamento é custear a locomoção para os participantes até o local da pesquisa. É uma boa dica para garantir que todos possam participar, aumentando a retenção de candidatos e diminuindo também as possíveis resistências à participação. Sobre o local, uma recomendação é que, se possível, a pesquisa seja feita numa sala conjugada, onde outro pesquisador possa, a partir da cabine de observaçã, acompanhar as discussões externamente. Sempre com pelo menos dois pesquisadores em sala para mediar e registrar as interações.

E quem são esses candidatos? Cada pesquisa terá o seu recorte de público, que pode ser por idade, classe ou até mesmo por assunto. As profissionais nos orientaram a distribuir um questionário com o perfil desejado. A partir da adesão do público, escolhe-se os candidatos para entrar em contato. A depender do tema e da hipótese a serem trabalhos, é necessário fazer a criação de uma persona (características, hábitos de consumo, costumes e comportamentos). A persona ajuda a entender onde procurar o público desejado.

Durante a sessão, uma dica é fazer uma pergunta de recall logo no início. Por exemplo: “que jornal você costuma ler?”. Dessa forma, a pessoa não tem muito tempo para pensar e fala a primeira coisa que lhe vem à cabeça. Uma outra orientação importante é para o mediador,  que não deve completar a resposta do participante, não se manifestar com reações ou feições. Isso tudo para não induzir determinados comportamentos ou falas, mesmo que sem querer. Dividir os áudios gravados por pergunta pode facilitar a decupagem, bem como seguir sempre a mesma ordem de entrevistados ao fazer as perguntas.