Há uma frase antológica na área do design que diz “less is more” (menos é mais). Foi dita pelo alemão Ludwig Mies van der Rohe (1866-1969), um dos importantes nomes da arquitetura e professor da Bauhaus. Frase tão imortal que foi lembrada em um post do pesquisador Ramón Salaverría, ao falar do novo visual do site do New York Times, que estreou oficialmente no último dia 8 de janeiro.
Van der Rohe foi um dos articuladores do minimalismo. Para o arquiteto, era necessário conceber espaços arquitetônicos com o maior nível de depuração das formas. Não havia espaço para exageros ou elementos supérfluos. Salaverría nos remete a esta mesma ideia ao comparar o antes e depois da reformulação da página da internet.
Em uma primeira vista, parece que houveram poucas mudanças. No comparativo, é possível perceber a eliminação de alguns elementos, tanto na home quanto na página interna, onde está o maior diferencial. Na primeira página, temos a supressão do menu lateral e a eliminação de elementos no menu superior. A navegação está oculta no canto superior esquerdo ou jogadas para o rodapé da página. Houve maior espaço para notícias, agora distribuídas na quatro colunas. Outra mudança sutil, mas importante: somem também os hiperlinks azuis nos títulos das chamadas, agora enquadrados na mesma tipografia do impresso. Ou seja, menos informação visual. Uma renúncia que permitiu maior foto e claridade na leitura das notícias.
Na página interna, houve maior eliminação de elementos, principalmente com a saída de diversos quadros que interferiam no fluxo do texto, bem como as fotografias que agora ganham maior potencial e, quase sempre, estão inseridas no final da matéria. O texto, agora em tipografia maior, corre sem nenhuma interferência, nem mesmo dos ícones de compartilhamento que ficaram para a lateral esquerda, onde assumem inteiramente uma coluna e ganham maior destaque.
As notícias relacionadas e demais informações foram jogadas para o rodapé da página. A leitura segue seu fluxo, e o design minimalista está embutido até o momento em que se dedica a coluna da direita para o espaço publicitário, algo que seria difícil de eliminar em se tratando do sustento para o veículo nos tempos atuais.
Estudos posteriores poderão afirmar se tais mudanças conquistaram o objetivo pretendido com esta reformulação, que é, principalmente, foco na informação. Ou seja, retirar detalhes que poderiam prejudicar a atenção na leitura da notícia. Em se tratando de um movimento que já existe desde os idos de 1960 e 1970, creio que temos aí mais um exemplo de um “pós-minimalismo digital”, já suscitado também pelo flat design das interfaces móveis.
Deixe uma resposta