A comparação entre as edições de ontem (13/6) e de hoje (14/6) da Folha de S.Paulo denota uma clara mudança de postura editorial com relação a cobertura dos protestos que ocorreram esta semana contra o aumento da tarifa do transporte público na cidade de São Paulo.
Em editorial de ontem, a Folha chamou de “protestos abusivos” por parte dos manifestantes, que estavam prejudicando milhões “para chamar a atenção do público”. Pelos cálculos, o protesto gerou 87 ônibus danificados e R$ 100 mil de prejuízos em estações de metrôs e milhões de paulistanos reféns do trânsito.
No final, o editorial exigia repreensão por parte da polícia:
No que toca ao vandalismo, só há um meio de combatê-lo: a força da lei. Cumpre investigar, identificar e processar os responsáveis. Como em toda forma de criminalidade, aqui também a impunidade é o maior incentivo à reincidência.
Na manifestação, ocorrida também no dia de ontem, sete jornalistas da Folha foram atingidos por balas de borracha e spray de pimenta. O caso mais grave foi dos repórteres Giuliana Vallone e Fábio Braga, atingidos no rosto por disparos de balas de borracha da Polícia Militar.
A partir do fato, o tom do discurso mudou. A manchete de hoje da edição impressa: “Polícia reage com violência a protesto e SP vive noite de caos” e o assunto deixou de ser tratado no editorial. Nas chamadas do caderno Cotidiano estavam títulos como “Novo protesto tem reação violenta da PM” e “A PM começou a batalha na Maria Antônia”, com fotos de manifestantes atingidos. Ao contrário da edição anterior, que mostra casos de PMs vítimas de manifestantes e títulos como “‘Lincha, mata’, ouviu policial apedrejado” e “Alckmin quer cobrar prejuízos de ‘vândalos'”.
Surge um caso a ser estudado.
1 Pingback