Em uma peça radiofônica clássica gravada em 1961 pelo humorista inglês Tony Hancock, chamada The Radio Ham (O Rádio Amador, que pode ser ouvida online), ele diz em um determinado momento, referindo-se à sua rede amigos rádio-amadores com quem ele conversa todas noites: “Amigos por todo o mundo, amigos por todo o mundo”… e completa “nenhum por aqui, é verdade…mas muitos por todo mundo.” Humor inglês em uma de suas melhores expressões, que realmente vale a pena conhecer, especialmente o Radio Ham, que funciona como uma espécie de comentário avant-la-net às nossas redes.
Em nosso tempo de redes digitais, a questão se coloca com toda a força: qual é nossa capacidade efetiva de estabelecer redes de contactos e – efetivamente – manter qualquer tipo de relação significativa com os incluídos na rede? Cansamos de receber, diariamente, convites de “fulano” ou “cicrana” com ofertas de “amizades em rede”. Algumas vezes tais convites vem de pessoas que mal conhecemos (quando de fato nos lembramos de quem são…). Em outras ocasiões, somos simplesmente comunicados que alguém nos acrescentou à sua rede de contatos.
“Inclua-me em sua rede”, “inclua-me em sua rede”, “estou incluindo-o em minha rede”… Mas afinal qual é nossa real capacidade de interação significativa nessas redes que parecem nunca parar de crescer e nas quais somos muitas vezes incluídos à revelia de nossa vontade?
“(…) a capacidade cognitiva do cérebro primata limita o tamanho da rede social que um indivíduo pode desenvolver. No ano passado um estudo por um sociólogo do Facebook calculou que o número médio de amigos no Facebook é 120. E quando se trata de interação real, intensa, o número cai dramaticamente. No frigir dos ovos, os homens interagem com apenas quatro pessoas e as mulheres em média com seis.”
Esta é uma das afirmações de John Naughton em seu artigo no Guardian sobre o futuro do Facebook.

Para onde caminha o gigante da Web que já incorporou mais de 400 milhões de usuários?
Um colapso é ainda possível?
marcos palacios