Por Carlos Eduardo Entini
Com certeza Lindemberg nunca teve um Nintendo ou aparelho semelhante. Em compensação, ninguém nunca teve um vídeo-game como ele, no qual uma partida pôde durar 100 horas e com tamanha realidade. It’s show time!
Discute-se a ação da polícia, se deveria ter agido antes ou se um tiro do sniper teria resolvido a questão.
O que não se discute é o show montado pela imprensa. Como teria sido o desfecho se tivesse sido proibida a filmagem do local e da movimentação da polícia? Qual foi o peso que ela deu no resultado?
Muitos podem questionar que a proibição da transmissão ao vivo seria um atentado à liberdade de imprensa. Mas nem todo o direito é absoluto, mesmo os constitucionais.
Com todo o show montado, Lindemberg fez do telefone joysticke. A cada telefonema, no caso jogada, ele podia sentir a reação na televisão e rádio. Ele tinha todo o controle.
Agora sabe-se de uma jogada que talvez teria dado outro desfecho ao caso: ele concordou em soltar as reféns e se entregar caso o promotor divulgasse uma carta em que se comprometia a pedir uma pena leve e que ela fosse lida pelo jornalista da Record Reinaldo Gottino (leia Apresentador da Record poderia resolver o sequestro? O que diz Serra?)
Ou seja, a polícia, a única preparada para esses casos, torna-se o terceiro refém. Naquele momento um repórter surgia como o negociador. É um poder (o 4º?) assumindo outro que não lhe compete (o do 1º).
Os comandantes da operação permitiram, mas instâncias superiores não. Ainda não se sabe quem.
Ficou claro é que um crime – quantos desse não acontecem por aí a fora? – foi transformado em comoção nacional e deu ao criminoso a prerrogativa de controle e pior ainda, deixou a polícia coadjuvante entre o crime e o espetáculo. Ganharam os dois.
Cansado de jogar, restou a Lindemberg queimar as duas vidas que lhe restavam e GAME OVER!
Via Ong PI
marcos palacios