Andrea Bagatta, jornalista italiano e consultor de multimídia e negócios, acaba de lançar um livro onde se propõe a ensinar com bem usar o PowerPoint.
E dai? Mais um livro sobre uso do PowerPoint, deste vez incorporando os avanços da versão 2007?
Na verdade o que nos interessa aqui, mais que o lançamento, é a polêmica que o autor reaviva: PowerPoint é uma forma estúpida de fazer apresentações para estupidificar audiências?
Bagatta afirma que antes de produzir um livro que se pretende prático, refletiu também sobre os aspectos comunicacionais. Releu – e aqui vai o convite para todos – o artigo de Edward Tufte, Emérito Professor de Ciência Política, Ciência de Computadores, Estatística e Design Gráfico da Universidade de Yale, publicado na Wired em 2003, no qual o PowerPoint é descrito como a encarnação do Mal. Lembrou a acusação de que o acidente com ônibus espacial Columbia, em fevereiro de 2003, chegou a ser imputado – em notícia no New York Times – à pobreza de uma apresentação em PowerPoint, na qual os riscos de um acidente daquele tipo eram indicados. E releu e indicou para nós o artigo de Giancarlo Livraghi, no qual o uso do PowerPoint é visto como o caminho mais certo para a criação de “aparências sem substância”, uma tendência que Livraghi acredita estar se tornando uma epidemia social.
Depois de toda a releitura, Bagatta escreveu e publicou tranquilamente seu livro sobre como Bem usar o PowerPoint, em contraposição ao Mau uso, ou uso “do Mal”. O autor continua convencido de que ferramentas são apenas ferramentas (uma premissa altamente questionável, é claro) e que “uma apresentação em público é algo mais que simplesmente os slides do PowerPoint: é um mix entre os diapositivos (que devem ser produzidos de modo eficiente, sem recorrer-se aos estúpidos modelos pré-formatados) e a relação do apresentador” com sua audiência.
É sempre saudável revisitar a discussão sobre algo que tem uma utilização social e pedagógica tão alentada.
marcos palacios
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