O presidente da CAPES, Jorge Guimarães, acaba de publicar artigo contestando os comentários, que considera irônicos e mal informados, do jornalista Marcelo Leite, da Folha de S. Paulo, no artigo Ciência para Todos, da edicão do dia 6 de janeiro de 2008.
Entre outros aspectos, Leite critica o fato de que no Portal da CAPES o acesso aos artigos seja restrito, comparando, por exemplo, com o portal SCIELO, que disponibiliza livremente 137 mil artigos de quase 500 revistas do Brasil ,Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, Portugal, Venezuela e Espanha.
Na réplica, Guimarães defende o projeto, alegando que para bancar o Portal de Periódicos a CAPES paga 0,70 dólares por artigo baixado enquanto que manter o SCIELO custa aos cofres públicos (CAPES e CNPq) 2,4 milhões de dólares por ano.
Como conseqüência deste debate – que está apenas começando – o que me parece essencial é saber quem financia as publicações científicas porque, afinal, quando disponibilizadas livremente
a conta acaba sempre ficando para os cofres públicos.
Elias Machado.
16/01/2008 at 12:38
Também pouco entendo deste tipo de financiamento.
Mas, mesmo que seja um gasto vultoso, será que não é justificado?
Não compreendo a restrição aos periódicos numa época em que socializar o conhecimento está tão em pauta. O ideal é que os editores dos periódicos os repassassem gratuitamente, ainda mais quando o intercâmbio é país desenvolvido – país subdesenvolvido.
Mas acho que é pedir demais.
16/01/2008 at 15:57
Creio que temos aqui duas questões separadas:
a) Por um lado há o sistema de copyright e de publicação vigentes na “indústria dos periódicos acadêmicos”. O termo é esse mesmo: uma verdadeira indústria nas mãos de algumas editoras. Há jornais nos quais hoje o AUTOR paga para publicar, mesmo depois de seu artigo ter sido aprovado pelo Comitê Editorial. Depois, a editora comercializa as edições online e impressa por preços bastante salgados, inviabilizando sua compra especialmente para as bibliotecas de países mais pobres.A solução passa por mudanças nos formatos de publicação acadêmica e por reformas radicais nos sistemas de copyright;
b) Por outro lado, há a questão de que qualquer país, para manter um sistema de produção e desenvolvimento científicos, tem que garantir acesso aos periócos acadêmicos para seus pesquisadores. Antes do Portal da Capes, o governo comprava (algumas poucas) edições impressas para as diversas bibliotecas de Universidades e outras instituições públicas de pesquisa. Os gastos eram altíssimos, as coleções sempre acabavam incompletas e sua manutenção sempre problemática (condições de estocagem, acesso,desgaste pelo uso, etc). O Portal foi avanço extremamente valioso para toda a comunidade científica. Hoje, em qualquer universidade pública ou instituição pública de pesquisa temos acesso rápido e direto a milhares de títulos de periódicos e bases de dados em todas as áreas de conhecimento. Só mesmo quem trabalha na área pode avaliar o que isso significa.Atacar o Portal ou pedir sua descontinuidade é sinal de pura e simples ignorância. Qual seria a alternativa: voltarmos ao sistema de compra dos impressos, com todo o seu custo e ineficiência? Vedar o acesso da comunidade científica brasileira ao material onde se publica a pesquisa de ponta que se faz em todo o mundo?
O problema dos custos de aquisição ( seja de coleções impressas ou online) passa por uma mobilização da comunidade acadêmica internacional como um todo.
marcos palacios