Sentado numa poltrona de um avião da Tam, fui forçado a vir de Belo Horizonte a Salvador com as vistas postas numa publicidade do novo Fiat Punto, colada nas costas do assento à minha frente.
“Se não fossem o salário, as festas e as mulheres, você poderia se sentir um verdadeiro piloto de corridas” é a mensagem utilizada para vender um automóvel claramente direcionado para o segmento jovem do mercado, tendo como um dos chamarizes uma série de engenhocas desenvolvidas em parceria com a Microsoft que permitem ao motorista desempenhar várias tarefas com comando de voz como acionar agenda telefônica, atender chamadas por meio de bluetooth, ouvir através do sistema de áudio do veículo as mensagens SMS, escutar músicas em MP3 no CD, ou até mesmo pelo pendrive.
Ah, e vem com airbags e freios ABS para maior proteção dos “pilotos de corrida”. Você mata os outros, mas escapa ileso.
Considerando que acidentes de trânsito são a segunda causa de mortalidade de jovens no país (superada somente por homicídios), a campanha apelando para velocidade é no mínimo irresponsável. Ao antes, para usar um adjetivo mais apropriado: criminosa.
E não é a primeira vez que a Fiat usa esse tipo de apelo.
Como é mesmo aquela história de “auto-regulamentação publicitária”?
Lamentável.

marcos palacios