Jane Singer, Catedrática de Jornalismo Digital da University of Central Lancashire (Inglaterra), sugeriu que o modelo de funcionamento dos jornais impressos de massa, baseado em sustentabilidade através da publicidade, foi uma “anomalia histórica”, provocada pela tecnologia, pela alfabetização massiva e por fatores comerciais ao longo dos últimos 150 anos.
Esses mesmos fatores estão agora empurrando o meio para uma nova direção evolutiva, no bojo de um processo que Singer chamou de “equilíbrio pontuado” (punctuated equilibrium), usando uma expressão do cientista evolucionista Stephen J. Gould.
A idéia básica é que a evolução não ocorre uniformemente através do tempo, mas por arrancadas bruscas (bursts) de mudanças, seguidas de repouso (stasis) para, em seguida, ocorrer uma nova onda de mudanças.
Para Singer, estamos vivendo um momento de saída da stasis, nesse processo evolutivo pontuado.
Ela acredita que teremos cada vez mais jornais gratuitos, de leitura rápida – ainda como uma resultante da portabilidade do impresso – e cada vez mais jornais oferecendo contexto, análise e opinião – um tipo de material que não pode ser consumido apressadamente.
O futuro dos jornais é certamente digital, mas Singer adverte que os lucros das empresas não poderão ser tão altos quanto foram no passado, no período da “anomalia histórica” dos impressos.
“Há dinheiro a ser ganho, mas não tanto quanto na era do impresso”, afirma Singer.
No balanço geral, Singer é otimista:
“Há uma tentação de se ver tudo isso como uma ameaça, mas devemos encarar a situação como liberação. Nós não precisamos de jornalistas para cobrir minúcias, gastando tempo em coisas que eles não deveriam estar fazendo, como produzir tabelas com resultados esportivos, escrever press releases ou funcionar como intermediários entre a fonte e a audiência. Nós precisamos jornalistas que coloquem a informação no contexto, sem medo ou favorecimentos.”
A análise foi feita na recente Future of Newspapers Conference, ocorrida na semana passada em Cardiff (Escócia).
Via Online Journalism
marcos palacios
Deixe uma resposta