A recente campanha do Estadão sobre internet e credibilidade vem causando a fúria de blogueiros ofendidos com as alfinetadas do ‘grande jornal’. Tomada como guerra declarada contra os blogueiros, a campanha vem sendo reproduzida desde a semana passada por diversos blogs brasileiros. Pra diminuir a quantidade de cliques, não poderia deixar de reproduzir por aqui…
Estadão faz campanha contra os blogs (brainstorm9)
Estadão contra os blogs? (Pensar Enlouquece)
Estadão com medão dos blog-inhos (techbits)
A discussão está na pauta antes do BlogCamp SP 2007.
Na tentativa de mostrar que o que se lê no jornal (versão web) é mais confiável que muitas publicações na internet (mais especificamente os blogs), o Estadão foi infeliz ao ironizar os blogueiros. As figuras que os representam soam ridículas, engraçadas e desmerecem o trabalho que vem sendo desenvolvido pelos blogueiros ‘sérios’. A campanha generaliza a idéia de que nem toda informação encontrada na internet é confiável e atribui aos blogueiros o papel de publicadores de informações não confiáveis. A simplificação de um problema que inclui a grande mídia acabou dando a impressão de uma ‘guerrinha’ declarada…
Beatriz Ribas
15/08/2007 at 10:23
Beatriz, acho que o buraco é mais embaixo. Veja em http://monitorando.wordpress.com/2007/08/12/estadao-contra-os-blogs-cuidado-com-as-armadilhas/
15/08/2007 at 13:50
pq o buraco é mais embaixo?????
16/08/2007 at 04:01
Beatriz,
Tenho lido sobre esse fato em vários blogs que acompanho e é importante salientar nesse comentário que sou um luker, aquele que lê e não comenta (vide Alex Primo clicando aqui). Fazendo referência ao conceito do Alex, diria que sou um luker feliz, pois encontro nesses blogs diversas informações relevantes e muito mais aprofundadas do que leio na mídia, seja ela de massa ou especializada.
O Estadão tenta defender a sua audiência dizendo que só há lixo nos blogs e desconsidera que muitos dos autores dos blogs são autores, teóricos, acadêmicos, jornalistas etc muito bem conceituados. Há ainda todos os outros que escrevem porque gostam ou desejam manifestar a sua opinião. Cidadãos comparados a macacos por esse jornal.
Os blogs têm sido um espaço que tem garantido uma manifestação democrática da população, mesmo que minoritária, que antes da Web era pouco provável. As discussões nos comentários são o exemplo perfeito de inteligência coletiva e de desenvolvimento do senso crítico da população. Por fim, quando uma pessoa toma como tema um assunto pautado pela mídia para escrever no seu blog, vejo esse espaço como aquele tão reivindicado pelos leitores para cartas e opiniões que é tão escasso nos jornais impressos.
Para o Estadão fica apenas um questionamento. Quem foram os macacos que fizeram a cobertura do acidente da TAM na mídia tradicional? Pois, esses sim me pareceram formados em laboratórios animais, tamanha incompetência vista.
16/08/2007 at 11:57
concordo absolutamente com vc, gilberto. só não entendo como um jornal como o estadão veiculou uma campanha neste tom sem pensar na repercussão negativa que ela teria… desconsiderando o fenômeno dos blogs como indicador de mudanças no campo do jornalismo. bom, deve ser justamente por isso… ao invés de pensar em complementaridade, um grande jornal como o estadão talvez considere os blogs uma ameaça. tremenda estupidez.
beatriz ribas
28/08/2007 at 15:02
Como bisneto de Júlio Mesquita, autor da frase ‘Não procuro dirigir nem criar a opinião pública no meu Estado. Ao contrário, procuro apenas sondar com cautela as opiniões em que o Estado se divide e deixo-me ir, confiado e tranquilo, na corrente daquela que me parece seguir o rumo mais certo’, prefiro acreditar que os gestores do Estadão pisaram na bola sem querer.
Aqui, proponho um debate na procura de uma nova síntese.
30/08/2007 at 03:06
O anúncio na TV chamou minha atenção pois botaram um Mico Amestrado lá. Esse pessoal de publicidade… “não leiam a besteira de lá, leiam a besteira de cá” hahahaha
Agora resolveram chamar blogueiro e leitor de blog de Mico Amestrado hahahahaha. Para aqueles que não acharam o argumento grosseiro, não perceberam que aquele mico representa cada um dos milhões de internautas que percorrem diariamente blogs – bons ou ruins. Não que não sejam, necessariamente. É óbvio que quem acredita em tudo que lê, ouve ou vê é mesmo um Mico Amestrado.
O problema é quem acusa. E acusa usando um argumento velho e batido: “se vc não consome meu produto, vc é um burro” (mico amestrado, no caso) O publicitário e o diretor que aprovou a campanha demonstraram sua miopia e desprezo pelo consumidor. Parece que esqueceram um dos fundamentos do marketing: segmentação. Produtos cada vez mais personalizados, ao gosto do freguês. Com a informação, não é diferente. O consumidor quer uma fonte de informação com a sua cara. Afinal, cada um acredita no que quer e os blogs chegam muito perto de satisfazer esse desejo. Os jornais não. Concordo com quem disse que o feitiço vai virar contra o feiticeiro.
Hora de repensar o “Jornal”, como o conhecemos. Mesmo que “poderosos conglomerados econômicos da informação” insistam no modelo antigo, esse é um caminho sem volta. Eles não detém mais o monopólio da informação. Lembra Ford falando que poderíamos escolher qualquer modelo, desde que fosse preto. Parece que 100 anos depois, os jornais estão passando pelo mesmo dilema. Não dá mais para achar que internet, blogs, You Tube, Google, são fontes marginais de informação. Os médicos que o digam, diante de pacientes cada vez melhor informados.
Não sou do ramo, falo como consumidor de informação. Tenho uma “base de informação” on-line composta por jornais, blogs, newsletters, enciclopédias, dicionários, messenger e skype e outra off-line: jornais, livros, revistas, rádios, canais de tv e pessoas. A soma disso tudo chamo de informação. Não vai ser um “jornal” que vai fazer minha cabeça. Nem um blog. Nesse caso, a soma das partes é maior que o todo.
Não me considero leitor deste ou daquele jornal. No máximo, nutro alguma simpatia por um ou outro jornalista que, no momento, está empregado em tal jornal. Desconsidero completamente a linha editorial de qualquer meio de comunicação. O editor sou eu.
Também não defendo apaixonadamente os blogs, como alguns fizeram aqui. Para mim não existe uma fonte única de informação que represente melhor a verdade. A isenção não existe. Está sujeita à interpretação de quem escreve e de quem lê. Dizer que a “qualidade de informação” de um jornal é melhor que a de um blog é apenas mais uma bobagem entre tantas que lemos nos jornais.
Como diz o mesmo Estadão, em outra propaganda: “Antes de internauta, você é inteligente!”
Pois é.
Interessante observar que, se os 30 milhões de internautas brasileiros que visitam blogs são Micos Amestrados, o que será que eles pensam dos outros 160 milhões que sequer acesso à internet têm?