Responda sim ou não: o ser humano é uma máquina?
O teste é feito há anos pelo professor titular do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP) Valdemar Setzer em suas apresentações em congressos científicos, e não foi diferente na conferência na Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Belém.
O resultado é praticamente sempre o mesmo: 60% das pessoas dizem que o ser humano é uma máquina, o que seria uma concepção errônea.
“Diferentemente dos humanos, toda máquina foi projetada e construída. Não existem valores como moral ou dignidade na máquina”, disse Setzer em sua conferência.
Setzer fez a pesquisa no auditório para ilustrar suas críticas à ausência de uma proposta educacional bem definida nos projetos dos computadores de US$ 100, especialmente no da organização não-governamental One Laptop Per Child, liderada por Nicholas Negroponte, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
“A única ‘proposta educacional’ desse projeto é que um computador para cada criança automaticamente permitirá um nível de ensino melhor”, disse. Mas, segundo Setzer, ocorre justamente o contrário, “uma vez que o computador oferece uma educação mecanizada que pode ser prejudicial à formação dos alunos”.
“Os computadores são máquinas que executam tarefas matemáticas e, por isso, forçam o usuário a ter pensamentos restritos às funções que o software executa, inibindo o poder da imaginação e da criatividade e também contribuindo para intelectualizar as crianças de maneira precoce”, afirmou.
Apesar de ser a favor da inclusão digital, Setzer apontou que isso não ocorrerá sem profissionais que façam a intermediação do conhecimento. “Sou totalmente contra o uso de computadores na educação, pelo menos até o ensino médio. Estudos mostram que o primeiro contato dos indivíduos com computadores deve ocorrer a partir dos 17 anos, com exceção de crianças com deficiências físicas que não conseguem segurar um lápis, por exemplo.”
Via Agência Fapesp
marcos palacios
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