Para testar a eficiência do sistema de censura na China, Michael Kanellos, do CNET News, que está em viagem por lá, fez um experimento prático.
De seu quarto de hotel fez uma busca, em inglês, para “Tiananmen” (o nome da praça de Pequim onde ocorreram confrontos entre manifestantes e exército, em 1989, com centenas ou, – segundo alguns -, milhares de mortos).
A mesma busca foi repetida em um Cibercafé, também usando o inglês, e depois no site do Google chinês e no Portal chinês Baidu, usando caracteres chineses.
Os resultados são reveladores:
a) na busca realizada no hotel, apareceram de imediato imagens dos protestos de 1989, incluindo a icônica foto do homem confrontando o tanque. Os links funcionaram quase sempre bem;
b) no cibercafé, que ironicamente fica a uma quadra da Praça Tiananmen, e é usado principalmente por estrangeiros, as mesmas buscas (em inglês) produziram duas fotos, a do jovem x tanque e de manifestantes feridos. E muitos espaços em branco apareceram nas páginas. Tentativas de seguir links resultaram em corte da conexão pelo servidor;
c) no site chinês do Google nada estava bloqueado. No entanto, os resultados pareciam editados. Das 27 páginas de imagens produzidas no Google, apenas uma se referia ao conflito. As restantes diziam respeito, basicamente, à praça como um local turístico;
d) no Baidu, nada foi encontrado referente ao conflito. Somente textos e imagens sobre a praça, sua localização, etc.
Kanellos conclui que o sistema de censura funciona por níveis, impedindo acesso nos locais e através de ferramentas usadas pela maioria dos chineses, porém garantindo acesso pleno para visitantes em seus hotéis e acesso apenas parcialmente limitado para estrangeiros usando inglês, em cibercafés.
Para Kanellos, por mais que sejam eficientes, os censores não terão como barrar a busca de informações por muito mais tempo: cresce o número de chineses que já dominam o inglês e a nova mídia, por sua fluidez e suas características viróticas de difusão, vai ficando cada vez mais difícil de ser policiada.
Detalhes no CNET News
marcos palacios