No fundo, no fundo, a grande e real ruptura trazida pela Internet como suporte para o jornalismo foi livrá-lo das amarras de espaço e tempo que caracterizam os suportes anteriores. O rádio e a televisão sempre batalharam e batalham contra o tempo. O jornal impresso sempre batalhou e batalha contra a exiguidades de espaço. Como dizer tudo e dizer bem em tão pouco espaço?
Primeiras páginas constituem o exemplo, por excelência, de como bem (ou mal) aproveitar o espaço. Mas o que faz uma primeira página se destacar numa banca de jornais? O que faz uma capa ser fora de série? Por que algumas capas vendem o jornal?
A Brass Tacks, uma empresa norte-americana de design de jornais, tenta dar respostas a tais perguntas selecionando, diariamente, a melhor primeira página (Best Front Design) dentre jornais norte-americanos e explicando o porquê da escolha.
Um arquivo está disponível com as seleções e a discussão de cada caso.
Verdadeiras lições de programação visual, que levam a reflexões também para o design online, pois a libertação das amarras da espacialidade na Internet aconteceu, na verdade, apenas no que diz respeito à “profundidade”, à “verticalidade”, possibilitando uma prática jornalística caracterizada por “camadas”, “agregações”, “contextualizações intertextuais”, mas não eliminou, – pelo menos enquanto persistir no online a metáfora do impresso -, a necessidade de bem dizer no exíguo espaço de uma primeira tela.

marcos palacios