A escrita sempre foi tida como um elemento fundamental do processo evolutivo humano. Agora, no Brasil, ela adquire uma dimensão totalmente inédita: a cura milagrosa de doenças, por ingestão de caracteres gráficos.
Pelo menos é o que afirma a Igreja Católica, que vai transformar em santo o criador dessa nova forma de utilizar a escrita. O fato mereceu capa em todas as principais revistas brasileiras na semana que passou.
O prodígio está centrado em Frei Antonio de Sant´Anna Galvão (1739-1822), que no dia 11 de março será canonizado, tornando-se o primeiro santo brasileiro.
A história é a seguinte: certo dia, no início do século XIX, um moço que se debatia com fortes dores provocadas por cálculos na vesícula, pediu a Frei Galvão que o abençoasse para ficar livre da dor. Frei Galvão, lembrando-se do poder de intercessão da Santíssima Virgem escreveu num papelzinho o verso do breviário: “Post partum Virgo inviolata permansisti, Dei Genitrix Intercede pro nobis” e mandou ao moço ingerir o papelzinho feito em forma de pílula. O moço seguiu as instruções e expeliu os cálculos sem dificuldade.
Inicialmente produzidas por 14 freiras enclausuradas no Mosteiro da Luz, em São Paulo, as pílulas estão com sua demanda em alta e a fabricação passou a ser descentralizada: além das freiras do Mosteiro, 20 voluntárias da catedral de Santo Antonio, no interior paulista, foram incorporadas ao processo produtivo. Estão sendo fabricados 90 mil papeizinhos milagrosos por mês. Mas isso ainda não está atendendo à demanda crescente e a Igreja teme a clonagem e a comercialização.
As pílulas oficiais são distribuídas gratuitamente.

marcos palacios