O 67º Congresso da Associação Mundial de Jornais e Editores, realizada nos últimos dias em Washington, termina com uma recomendação que representa uma espécie de rendição sem honra das empresas jornalísticas à nova realidade digital. Basicamente, trata-se de transformar o jornal impresso em um produto mais caro, dirigido a uma elite de leitores, e tentar competir no ambiente virtual com ênfase na imagem, e não mais no texto.

A rigor, o que dizem os especialistas reunidos pela mídia tradicional para discutir seu destino é exatamente o mesmo receituário que se repete desde pelo menos 1995: investir em qualidade no jornalismo de papel e garantir a presença do conteúdo jornalístico na internet. A diferença básica é que agora se trata de ocupar espaços na rede digital e admite-se que somente uma elite da sociedade poderá pagar por conteúdos mais elaborados.

Essencialmente, a estratégia das empresas jornalísticas deverá resultar num empobrecimento do jornal de papel no cotidiano, com maior investimento nas edições de fim de semana, competindo com as revistas semanais de informação – de longe o setor mais vulnerável, entre os veículos tradicionais. Também se recomenda aumentar a produção de suplementos sofisticados, como faz o Globo com a revista Ela Luxo voltada para o público de maior poder aquisitivo.

Em meio às orientações do encontro de Washington, o dilema entre produção jornalística mais elaborada x passaralhos ainda persiste: como produzir jornalismo de qualidade  sob a condução majoritária de profissionais sem autonomia para se contrapor às imposições da direção?

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