Para quem anda hiper-entusiasmado com os rumos liberadores que, aparentemente, vem tomando o jornalismo em suas versões cidadãs e assemelhadas, recomendo a leitura da postagem estilo balde-de-água fria no Deuzeblog de Mark Deuze.
Ele levanta pontos bastante instigantes sobre a perda de poder dos jornalistas, sua crescente substituição por mão de obra temporária, freelances e estratégias de terceirização e offshoring na produção da informação jornalística. Lado a lado com um certo fluir do poder dos jornalistas em direção a seu público, através da participação, interatividade, etc, tornando mais horizontal a publicação e distribuição de notícias e informação, Deuze detecta um outro tipo de perda de poder que estaria tendo lugar no ecosistema midiático contemporâneo: uma drenagem, uma erosão do poder cultural e econômico dos jornalistas profissionais por aqueles que nós poderíamos denominar: “As Pessoas que Antigamente Conhecíamos como Empregadores” (The People Formerly known as the Employers).
O argumento desenvolvido por Deuze é preocupante e merece atenção e discussão, o que aliás está acontecendo no próprio blog, com intervenções pró e contra as posições colocadas por Deuze.
Um jornalismo sem jornalistas é possível?
Via Cyberjournalism
marcos palacios
03/11/2008 at 22:50
Nessa época de comunicação democrática (ao menos em teoria), o jornalismo precisa se redefinir.
Se o que chamamos de jornalismo é meramente escrever textos com a técnica adequada, então que todos aprendam em duas semanas no segundo grau.
Mas penso que o jornalismo é algo mais, envolve uma dose de responsabilidade social.
Um jornalismo sem jornalistas é possível, sim. A pergunta é: ele é desejável?
04/11/2008 at 00:00
Claro que seria maravilhoso um mundo em que todos os cidadãos pudessem ser repórteres e pudessem falar o que viram e comprovaram por meio de investigações e checagens!
Ôpa, nisso que digo já sugere uma formação ou preparo ideal, para que o repórter não seja um fantoche. E quem vai pagar o curso ou ministrar conteúdos que os deixem no ponto!?
A tendência é que isso não ocorra! Como as empresas não vão arriscar sua imagem construída a duras penas, por certo vão adotar o filtro por meio de especialistas, estes sim bem formados.
Ou seja, o jornalista será um profissional do conhecimento, inimaginavelmente eclético.
Por certo várias experiências poderiam ser feitas. Mas esta transição tem em seu cerne valores, princípios, imagem, credibilidade, sem dizer o dinheiro envolvido.
Será que um cidadão que estaria ganhando uma ninharia teria todo o cuidado para que os elementos jornalísticos fossem rigorosamente seguidos!??
Vale a pena experimentar e ver as bordas.
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@_@”
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06/11/2008 at 22:32
Marcos:
esse texto é super interesante para ser discutido na minha tese. Já fiz o donwload dele.