O site Missing Madeleine, criado para ajudar nas buscas de Madeleine McCann, uma criança inglesa de 4 anos, sequestrada no dia 3 de maio, na Praia da Luz, Algarve (Portugal), tem sido visitado por mais de 20 milhões internautas diáriamente.
Cada ser humano é único, é claro, e o desaparecimento de Madeleine é uma tragédia única, para todos que a cercam mais diretamente, solidariamente compartilhada por todo e qualquer ser humanao que não tenha perdido a capacidade de sentir a dor dos outros.
No entanto, tendo a imprensa mundial colocado tanta luz sobre esse caso em particular, é interessante que sejam aproveitados os refletores para iluminar, por pouco que seja, esses episódios de horror, no plano mais amplo e internacional.
Entre 1999 e 2005, no Nepal, 6.822 crianças foram oficialmente declaradas desaparecidas. Dessas, somente 1116 foram recuperadas. Acredita-se que a maioria das não recuperadas foram traficadas para própositos sexuais ou escravidão.

No Oriente Médio e Sul da Ásia, mais de 12.000 crianças desaparecem anualmente, sem deixar rastros, segundo dados da UNICEF. São traficadas entre as fronteiras de países vizinhos e para diversos lugares do mundo.

Em Uganda e outros países da África, milhares de crianças são sequestradas a cada mês, para serem “alistadas” nos diversos exércitos e grupos em guerra constante. Um relatório do ano 2000 informava que cerca de 120 mil crianças estavam recrutadas para esses exércitos em diversos países africanos. Muitas delas são simplesmente assassinadas, quando consideradas “não aproveitáveis”.
Mesmo em países desenvolvidos os casos de sequestros não são tão raros. Entre 2000 e 2006 uma média de 40 crianças foram sequestradas por estranhos por ano no Canadá.
Não é de causar supresa, portanto, que durante as buscas de Madaleine, uma menina rumena de 11 anos, sequestrada em Málaga (Espanha), tenha sido encontrada em Portugal, em poder de seu sequestrador. Ninguém procurava por ela. Foi salva por engano.
Oxalá todas as crianças em perigo no mundo, sequestradas, escravizadas, assassinadas, roubadas de suas infâncias, pudessem receber uma réstia dessa luz midiática que se espalha em torno da pequena Madeleine, de muitas faces, de muitas mães, de muitas cores e nacionalidades.
marcos palacios