“Portugal já teve uma época em que as suas elites liam e escreviam em francês. A Geração de 70 foi educada no francês, tal como em francês foram formados os positivistas lusos do final da monarquia e do princípio da república. Dessa formação científica que passou para o povo? Pouco efectivamente. Não se repita agora o erro com o inglês. A cultura científica da sociedade portuguesa tem de ser feita em português, porque só pode ser feita em português. É em português que vivem e pensam os portugueses e será na sua língua que terão de se cultivar cientificamente, caso essa cultura não seja postiça. “

Este é um trecho do artigo publicado no Diário de Notícias pelo Prof. Antonio Fidalgo, da Universidade da Beira Interior (Portugal), em defesa do uso do vernáculo na comunicação científica. O professor defende que o uso do inglês não garante lugar de destaque para a produção científica portuguesa:

“É verdade que Espinosa teve de publicar em latim para poder difundir a sua obra. Era essa a língua franca nos meios científicos do seu tempo. Mas justamente nessa altura era em latim que em Coimbra se ensinava, escrevia e publicava, e tal não impediu que Portugal ficasse à margem da revolução científica moderna. Galileu escreveu as suas obras em italiano e Descartes em francês o Discurso do Método. A ciência moderna afirmava-se nos vernáculos que ganhavam então importância crucial, religiosa, política e científica.”

marcos palacios