O Instagram Stories teve crescimento impressionante, enquanto o ritmo do Snapchat ficou bem devagar (Imagem: Reprodução/Youtube)

O Instagram Stories teve crescimento impressionante, enquanto o ritmo do Snapchat ficou bem devagar (Imagem: Reprodução/Youtube)

Quem usa o Snapchat vem sentindo um marasmo no aplicativo desde o segundo semestre de 2016. Agora, a sensação vem ganhando contornos de dados. De acordo com Nick Cicero, CEO do estúdio criativo e plataforma de métricas para vídeos em redes sociais Delmondo, o alcance das publicações caiu cerca de 40%. A empresa analisou 21.500 postagens para chegar a essa conclusão, compartilhada por Nick numa matéria do Tech Crunch.

Analistas de métricas, influenciadores digitais e agentes de celebridades procurados pelo site confirmaram. Mas preferiram não se identificar com medo de retaliação do aplicativo do fantasminha ou porque não estavam autorizados a divulgar informações de seus clientes. “Todo mundo está postando bem menos. Alguns não estão postando mais nada”, afirmou o CEO de uma agência de produção de conteúdo digital.

Coincidência ou não, o Instagram lançou um clone do Snap, o Instagram Stories, em agosto do ano passado, dentro do app de quem já usava o insta : cerca de 600 milhões de pessoas. Foi aí que o céu de brigadeiro do concorrente começou a nublar. Isso depois de Mark Zuckerberg ter tentado comprar a empresa do fantasminha por 3 bilhões de dólares – e não conseguir. Ainda ao Tech Crunch, o CEO da plataforma de marketing TheAmplify, Justin Rezvani, contou: “Na média, nossa comunidade de influenciadores está tendo 28% mais de audiência no Instagram que no Snapchat”.

De lá pra cá, a criação de Evan Spiegel teve crescimento pífio no número de usuários: de 150 milhões em junho de 2016, para 158 milhões, menos de 5,33%, de acordo com o site Mashable, que teve acesso a um vídeo que a empresa lançou pra investidores. A taxa de crescimento é sete vezes menor que os 36,3% dos seis meses anteriores, quando o Snap havia pulado de 110 milhões para 150 milhões de usuários.

Print do App Annie mostra um declínio nos downloads do Snapchat após o lançamento do Instagram Stories (Reprodução/Tech Crunch)

Print do App Annie mostra um declínio nos downloads do Snapchat após o lançamento do Instagram Stories (Reprodução/Tech Crunch)

Na lista dos aplicativos mais baixados por iPhones nos Estados Unidos, o App Annie mostra que o Snapchat, que já foi o terceiro mais baixado no primeiro semestre de 2016, despencou para a 11ª posição no segundo semestre, após o lançamento do Stories.

A DIFERENÇA
Mas se os serviços são extremamente similares, o que fez um subir a ladeira enquanto o outro desce? O espalhamento, ora. Basta lembrar de Henry Jenkins em Cultura da Convergência: “se não se espalha, está morto”.

O conteúdo no Snapchat é hermético: só dá pra acessar postagens de quem você segue e não há espaço para ver sugestões de posts de estranhos com base nas suas preferências ou no que está mais recentemente atualizado. Tampouco é possível saber da existência de outras pessoas.

A busca pelo perfil de um artista ou veículo de comunicação, por exemplo, funciona na tentativa e erro. Diferentemente do Instagram, o Snapchat não sugere o perfil de Ivete Sangalo ou do jornal estadunidense The New York Times quando alguém começa a digitar seus nomes na busca. Se quem procura não souber que o nome adotado pela cantora no app é ivetinhasangalo e o do jornal é nytimes, não vai encontrar o que busca.

Já no Instagram Stories, essas coisas fluem facilmente e a ferramenta de busca trabalha com sugestões. Fluir, aliás, foi outra coisa que o app do fantasminha perdeu, com o fim da função autoplay no segundo semestre. A configuração fazia com que vídeos de fontes diferentes se emendassem: um começava logo que os do anterior terminavam. Hoje é possível selecionar previamente os vídeos de quem o usuário que ver. O Instagram Stories nasceu e continua com o autoplay.

O Instagram Stories foi uma cópia simples do que estava funcionando bem (o Snapchat), com a diferença que a ferramenta de vídeos rápidos e efêmeros do Instagram soube explorar bem as lacunas de espalhamento de conteúdos e conexões entre pessoas e marcas. Tão bem que em apenas 6 meses atingiu praticamente o mesmo número de usuários que o Snap demorou 5 anos para juntar.

Em tempos de consumo incidental, é melhor não desprezar o espalhamento. No âmbito do mercado, o veredicto ainda está se formando: este mês o Snapchat lançou ações na Bolsa de Valores de Nova Iorque pela primeira vez.