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Na contramão da tendência de personalizar experiências online, no final do mês passado o Facebook demitiu todos os funcionários responsáveis por cuidar pessoalmente da seleção de notícias que aparecem no “Trending”, uma seção de sugestões que funciona na coluna da direita da página e ainda não está disponível no Brasil.

Já ouvimos falar do “Trending” há uns meses, quando um ex-funcionário do Facebook denunciou a empresa por permitir que a equipe suprimisse histórias da direita conservadora americana, mesmo que elas fossem populares o suficiente para aparecer na seção.

Seria ético? Longe de querer dar essa resposta, sugiro apenas que pensemos que, trazendo o problema para o Brasil, seria como se o Facebook autorizasse os funcionários a banir, suprimir, disfarçar e não repercutir impropérios ditos por alguns representantes atuantes em Brasília, por exemplo. Vale a reflexão.

A peleja entre objetividade e subjetividade nas notícias nasceu junto com o jornalismo. Não vamos doar a esse assunto mais que um parágrafo, porque ele é irresistível e perderíamos o foco. Antes da decisão do Facebook, muito já foi dito sobre isso e a objetividade se tornou um escudo dos jornalistas.

Daí vem a decisão do Facebook: a partir de agora, essa seleção será feita por robôs. Sim, robôs. Antes de absolver o time de Mark Zuckerberg e se convencer de que já temos uma vida inteira pautada pela vontade de robôs e pokémons, vale a pena ver o que aconteceu. Parece que, pelo menos na primeira semana de experiência, o robô da objetividade não andou na linha.

Mas afinal, o Facebook é ou não é um produto jornalístico? É uma ameaça ao jornalismo? É um aliado na crise dos modelos tradicionais ou é o algoz nesse processo? Por que deveriam estar preocupados com a denúncia do ex-funcionário, com a suposta subjetividade que existe na seleção de notícias feita por humanos?

Apesar de não termos a seção “Trending” no Brasil, é importante atentar para essa mudança. Os  “Trending Topics” do Twitter são gerados por robôs, as promoções que aparecem em todos os banners de todos os sites que você abre, também. E o mesmo vale para quase todo tipo de abordagem inconveniente que você recebe enquanto navega. A questão não é só colocar o mundo nas mãos dos algoritmos, mas não perder de vista a possibilidade de personalizar experiência, logo agora que nos acostumamos e exigimos da internet no mínimo, tudo.