A violência sexual contra mulheres no Rio de Janeiro foi um dos temas abordados na edição do New York Times do último sábado (25/5). Entre os entrevistados do jornal norte-americano está a jornalista, professora e pesquisadora do GJOL Malu Fontes, uma das pessoas que criticaram a falta de atenção dada pelo governo brasileiro aos estupros de mulheres pobres no Rio, uma das subsedes da Copa do Mundo de 2014. A matéria foi destaque na capa do periódico.

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Na entrevista para o jornalista Simon Romero, Fontes afirma que “para uma grande parte da liderança política, esses estupros só começam a ter preocupação a partir do momento em que afeta algum rico ou a imagem do País no exterior”. E complementa: “Nós gostamos de acreditar que vivemos num Brasil pacífico, um lugar feliz, quando na realidade de nossa existência é muito mais complicado. É como se estivéssemos olhando Narciso em uma piscina de esgoto”.

A matéria destaca a recente onda de estupros em vias públicas da capital carioca, como a ocorrida no início deste mês em uma das linhas de ônibus que atendem a Zona Norte do Rio de Janeiro, quando um criminoso assalta um ônibus e violenta sexualmente uma das passageiras.

Um mês antes, uma turista americana foi estuprada por três homens em uma van que trafegada por Copacabana, na Zona Sul. A jovem e o namorado foram mantidos presos no veículo, que passou por três cidades sem que ninguém desconfiasse do crime que ocorria em seu interior.

Sobre a entrevista
A reportagem do New York Times chegou até Malu Fontes a partir do artigo publicado pela jornalista no Correio*, intitulado Entre chacinas e estupros, o Brasil quer ficar bem na fita e publicado na edição de 30 de abril. Após a descoberta, a jornalista foi entrevistada duas vezes, em dias diferentes. Após cinco dias, o próprio Simon Romero contatou Malu Fontes para uma nova entrevista sobre o comportamento da população brasileira e das autoridades quando a imprensa estrangeira noticia fatos concretos relacionados aos problemas ocorridos no País.

Entre os questionamentos do repórter norte-americano tratou-se das razões que levavam os brasileiros a negar evidências da violência quando anunciada na imprensa internacional, o por quê do não-enfrentamento do debate da violência associado à educação e contradições entre os avanços da mulher no País (uma mulher presidente e a onda de estupros no Rio de Janeiro).

 

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