Em entrevista a Maria Cristina Mungioli (ECA/USP), Carlos Scolari (Pompeu Fabra), no recém-disponibilizado novo número da revista Matrizes (ano 4–nº2 jan./jun. 2011), fala das novas formas do consumo dos produtos midiáticos, fragmentação dos sistemas de informação e convergência semiôtica.

“Scolari: Se pensarmos a partir da perspectiva dos receptores, ninguém fala de cross-media ou de transmedia. Esses são conceitos que nós, acadêmicos, ou os profissionais, utilizam. As pessoas dizem, por exemplo, “eu vejo Lost” ou “eu vejo Big Brother”, mas esse “ver” é, em muitos casos, radicalmente diferente do velho “ver” televisivo. Hoje, “ver Lost” ou “ver Big Brother” inclui práticas como navegar na web, fazer download de capítulos de forma ilegal, consumir vídeos no YouTube ou discutir sobre o programa em uma rede social ou fórum”.

“Há um elemento interessante que afeta os processos de interpretação. Segundo Eco, ao ler um livro ou ver um filme, criamos mundos possíveis, hipóteses que tratam de antecipar aa continuação da história. À medida que o relato avança, muitas dessas hipóteses não se verificam e devemos descartá-las. Esse processo é individual, os mundos possíveis são uma construção cognitiva do leitor ou espectador. Agora se dá um fenômeno diferente: em certos casos, esta construção de hipotéticos mundos possíveis se tornou um processo coletivo.”

Uma leitura muito proveitosa.

marcos palacios