Se vale blasfêmia por vídeo, por que não confissão digital?
“Em Pavia, pequena cidade localizada na região da Lombardia, dois padres, Gianfranco Poma e Francesco Tassone, decidiram que o relato dos pecados por e-mail é tão bom quanto aquele feito pelos que se ajoelham no confessionário –com a vantagem de que a mensagem pode ser digitada em qualquer computador na hora em que der na veneta do arrependido. Uma conexão direta com o perdão, 24 horas por dia.
A polêmica acabou instalada. O primeiro ponto de desacordo foi o tamanho do texto: as pessoas, aparentemente, ficam incomodadas ao ver o registro de seus dribles às leis divinas e estão acostumadas a medir a gravidade das faltas pelo tempo de conversa com o pároco, não pelo número de toques no teclado. O resultado é que boa parte das confissões chega curta e grossa à caixa postal dos párocos, o que levou especialistas italianos a discutir de maneira inflamada a conveniência de eles pedirem, por e-mail, mais detalhes dos pecados antes de cravar a absolvição.
Outra dúvida que embolou a iniciativa dos padres de Pavia foi se as confissões pela internet poderiam ser feitas a partir de pseudônimos ou se era imprescindível que o pecador se identificasse.”
A matéria é de Janaína Leite, correspondente em Roma da Folha de São Paulo, fala também de eutanásia e do perigo das figurinhas Yu-Gi-Oh para a fé cristã.
Aguardem para breve peregrinação virtual a Meca.
A ilustração é de Anita Toutikian, uma artista Libanesa-Armênia

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